terça-feira, 30 de novembro de 2010

A pauta de Bento XVI à Igreja do Brasil - Sergio Ricardo Coutinho

A Pauta de Bento XVI à Igreja do Brasil:
                                                                    Um balanço das visitas Ad Limina


As visitas Ad Limina dos bispos brasileiros e os pronunciamentos do Papa Bento XVI são analisadas por Sérgio Ricardo Coutinho. Na opinião do professor, os pronunciamentos do papa aos bispos brasileiros ao longo do último ano permitem visualizar o “programa pastoral” para a Igreja no Brasil nos próximos anos.Sérgio Ricardo Coutinho é mestre em História pela UnB; professor de História da Igreja no Instituto São Boaventura em Brasília; professor de História da Igreja Antiga no Curso de especialização em História do Cristianismo Antigo na UnB; membro da Associação Brasileira de História das Religiões (ABHR) e, presidente do Centro de Estudos em História da Igreja na América Latina (Cehila-Brasil) e assessor nacional das CEBs no Brasil.
 
Eis o artigo.

Introdução

Antes de refletir sobre este assunto, vale à pena citar o renomado historiador da Igreja, o italiano Giuseppe Alberigo. Ele apresenta dois sentimentos contraditórios e que são perceptíveis dentro e fora da Igreja católica. De um lado, sempre é muito difundida a convicção que o aparato eclesiástico central, que age em torno do papa e da Cúria Romana, tem uma capacidade de controle e de hegemonia sobre a massa dos fiéis cada vez mais estreita e rígida, a tal ponto que qualquer tentativa e qualquer esperança de afirmar a pluralidade das Igrejas como comunhão de comunidades locais, especialmente visibilizada pelas Conferências Episcopais nacionais, estaria destinado ao fracasso.

Entretanto, por outro lado, assiste-se também a uma multiplicação bastante acelerada de grupos cristãos que, apesar das muitas e graves carências, tem o efeito de esvaziar qualquer esforço do aparato eclesiástico e de reatualizar a possibilidade de uma comunhão eclesial efetiva, que saia da ambígua e esvaziada dialética de símbolos e das imagens (n.1).

Nada melhor para perceber estes sentimentos quando analisamos as mensagens que o papa Bento XVI deixou à todo o episcopado brasileiro após as visitas Ad Limina Apostolorum, ou seja, quando os bispos foram se encontrar com o papa e rezar juntos diante dos túmulos dos apóstolos São Pedro e São Paulo em Roma. Nestas visitas o papa recebe os relatórios de atividades e oferece uma orientação em vista da unidade de toda a Igreja com o sumo pontífice.

Os quase 300 bispos brasileiros na ativa, representando 272 dioceses e organizados nos 17 Regionais da CNBB, estiveram pessoalmente com o papa e com outros representantes dos dicastérios romanos, durante o período que se estendeu de 07/09/2009 até o último dia 15/11/2010. O próprio papa reconheceu esta “feliz coincidência” das datas para os brasileiros: “Por uma feliz coincidência, na data do discurso que dirigi ao primeiro grupo de Bispos era a vossa Festa Nacional da Independência, enquanto o último discurso que hoje pronuncio tem lugar justamente no dia em que se recorda a proclamação da República no Brasil”. (cf. Discurso do papa Bento XVI aos bispos do Regional Centro-oeste)

Foram exatamente 13 discursos proferidos aos bispos brasileiros. Para facilitar este breve balanço foi possível organizar em 5 grandes eixos temáticos: Família, consciência moral e vida sacramental; Missão e Evangelização; Padres, seminaristas, religiosos(as) e leigos(as); Escolas católicas e Teologia da Libertação; Bispos e CNBB.

Nossa hipótese é que podemos visualizar aqui o “programa pastoral” para a Igreja no Brasil nos próximos anos.

O Matrimônio, a consciência do pecado e a Eucaristia
Durante a visita conjunta dos Regionais Nordeste 1 (Ceará) e Nordeste 4 (Piauí), o papa Bento XVI quis sinalizar para uma das principais evidências do que chama de “ditadura do relativismo”: a desagregação do modelo matrimonial e familiar cristão.

Enquanto que a Igreja compara a família humana com a vida da “família” da Santíssima Trindade – “unidade de vida na pluralidade de pessoas” – e que não se cansa de ensinar que a família tem o seu fundamento no matrimônio e no plano salvífico de Deus, a sociedade moderna e secularizada, marcada por uma consciência difusa, vive na incerteza mais profunda a tal respeito principalmente depois que esta mesma sociedade legalizou o divórcio. O que prevalece, como fundamento, ou é o simples sentimento ou a subjetividade individual. Isto explicaria a diminuição do número de matrimônios e o crescimento das “uniões de fato” e dos divórcios. Conseqüência imediata destes fatos: crianças privadas do apoio dos pais e abandonadas, expansão da desordem social.

A proposta de solução oferecida pelo papa: regresso à solidez da família cristã unida pelo sacramento do matrimônio – “O que Deus uniu o homem não separe” (Mc 10,9). Deste modo, apesar do esforço de compreensão por parte da Igreja aos muitos casos de casais cristãos que se separaram, “não existem casais de segunda união, como os há de primeira; aquela é uma situação irregular e perigosa, que é necessário resolver, na fidelidade a Cristo, encontrando com a ajuda de um sacerdote um caminho possível para pôr a salvo quantos nela estão implicados”.

Neste sentido, somente a busca pelo sacramento da reconciliação será possível restaurar estas situações. Foi este o tema tratado para os bispos do Leste 1 (Rio de Janeiro). Para Bento XVI “o núcleo da crise espiritual do nosso tempo” está no “obscurecimento da graça do perdão”, ou seja, a perda da consciência do pecado. Quando a sociedade não reconhece o sacramento da reconciliação como algo “real e eficaz, tende-se a libertar a pessoa da culpa, fazendo com que as condições para a sua possibilidade nunca se verifiquem”.

No entanto, lá no íntimo das pessoas “libertadas” sabem que isso não é verdade, pois “o pecado existe e que elas mesmas são pecadoras”. Por isso, é fundamental recuperar nas pessoas o sentimento de culpa “porque no ordenamento espiritual são necessários para a saúde da alma”. Assim, todos nós “precisamos do perdão, que constitui o cerne de toda a verdadeira reforma: refazendo a pessoa no seu íntimo, torna-se também o centro da renovação da comunidade”.

Fundamental neste processo, segundo Bento XVI, para que uma comunidade possa chegar a merecer o título de “comunidade humana”, esta deveria corresponder, tanto na sua organização como nos seus objetivos, “às aspirações fundamentais do ser humano”. Neste sentido, não seria exagero afirmar que “uma vida social autêntica tem início na consciência de cada um”. Esta, bem formada, leva a realizar o verdadeiro bem do homem, mas a Igreja ajudaria neste processo de formação, através de toda a vida cristã, ajudando-o a educar sua consciência.

Por isso, falando aos bispos do Regional Sul 1 (São Paulo), o papa faz um apelo veemente: “Venerados Irmãos, falai ao coração do vosso povo, acordai as consciências, reuni as vontades num mutirão contra a crescente violência e menosprezo do ser humano. Este, de dádiva de Deus acolhida na intimidade amorosa do matrimônio entre o homem e a mulher, passou a ser visto como mero produto humano” (n.2).

Somados a todos estes elementos, onde a sociedade secularizada não percebe mais a presença da graça de Deus e, até mesmo, recusa sua oferta, temos ainda a “desconfiança” quanto a presença real de Jesus Cristo na Eucaristia.

Falando para o bispos do Regional Norte 2 (Pará e Amapá), o papa afirma que o centro e a fonte permanente de seu ministério petrino estão na Eucaristia, “coração da vida cristã, fonte e vértice da missão evangelizadora da Igreja”. Por isso, os bispos compreenderão a preocupação que ele tem por tudo o que possa ofuscar o ponto mais original da fé católica: Jesus Cristo “vivo e realmente presente na hóstia e no cálice consagrados”.

Nova Evangelização e o “Brasil na Missão Continental”
Atento para as mudanças que em poucas décadas aconteceu no campo religioso brasileiro, caracterizado por uma diminuição drástica do número de católicos nominais e para um aumento dos grupos evangélicos pentecostais e dos assim chamados “sem-religião”, o papa Bento XVI, no dialogo com os bispos do Regional Nordeste 3 (Bahia e Sergipe), demonstra muita preocupação quanto ao processo de evangelização para conter a “sangria” de seus membros.

Apesar de reconhecer que a “ação evangelizadora da Igreja Católica foi e continua sendo fundamental na constituição da identidade do povo brasileiro”, hoje se observa uma crescente influência de “novos elementos na sociedade, que há algumas décadas eram-lhe praticamente alheios”. Um destes elementos seria o desejo de alguns grupos contrários a presença de símbolos religiosos na vida pública.

Para Bento XVI os símbolos religiosos têm um valor particular, especialmente para o Brasil, em que a religião católica é parte integral de sua história. Daí se pergunta: “Como não pensar neste momento na imagem de Jesus Cristo com os braços estendidos sobre a baía da Guanabara que representa a hospitalidade e o amor com que o Brasil soube abrir seus braços a homens e mulheres perseguidos e necessitados provenientes de todo o mundo?” (cf. discurso para os Bispos do regional Nordeste 5).

Os motivos para a “fuga de católicos” e sua adesão à outras denominações podem ser explicados pela “difundida sede de Deus” entre os brasileiros, como também revela uma evangelização por demais superficial. Por isso, a Igreja católica no Brasil necessita investir numa “nova evangelização”: “que não poupe esforços na busca de católicos afastados bem como daquelas pessoas que pouco ou nada conhecem sobre a mensagem evangélica, conduzindo-os a um encontro pessoal com Jesus Cristo, vivo e operante na sua Igreja”. Mas também chama a atenção dos bispos para a necessidade dos padres se compromissarem por “estabelecer pontes de contato através de um sadio diálogo ecumênico na verdade” com aqueles membros das mais diversas denominações cristãs.

Por outro lado, o papa, falando para os bispos do grande regional Norte 1 (Amazonas e Roraima) e Noroeste (parte do Amazonas, Acre e Rondônia), enfatiza que a ação missionária da Igreja não pode se limitar a “simples busca de novas técnicas e formas que tornem a Igreja mais atrativa e capaz de vencer a concorrência com outros grupos religiosos e ideologias relativistas”. Neste sentido, a missão não é um trabalho para a Igreja em si mesma, mas é a conseqüência natural da própria essência da Igreja, “um serviço do ministério da união que Cristo quis operar no seu corpo crucificado”.

Por isso, o esmorecimento do espírito missionário não deveria ser atribuído as limitações e carências nas formas externas da ação missionária tradicional, mas ao esquecimento de alimentar-se naquele núcleo mais profundo: a Eucaristia. Assim, “para que a Missão Continental seja realmente eficaz, esta deve partir da Eucaristia e conduzir para a Eucaristia”.

Aqui vale uma observação eclesiológica. Bento XVI concorda que a essência da Igreja é ser missionária, mas a “preocupação primária” deve ser a “salvação das almas, que é a missão fundamental da Igreja” (discurso para os bispos do Centro-oeste).

Padres, seminaristas, religiosos(as) e leigos(as)
Para os bispos dos regionais Oeste 1 e Oeste 2 (Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), o papa Bento XVI relembra os anos que sucederam imediatamente ao Concílio Vaticano II e, principalmente, as suas consequências negativas para a Igreja: a abertura ao mundo foi entendida como uma passagem à secularização, vendo nela densos valores cristãos como igualdade, liberdade e solidariedade, com muita disponibilidade para descobrir campos de cooperação. No entanto, alguns responsáveis eclesiais, apesar de corresponderem às expectativas da opinião pública em debates éticos, deixaram de falar sobre as “verdades fundamentais da fé”: o pecado, a graça, a vida teologal, novíssimos. Acabaram por cair na “auto-secularização de muitas comunidades eclesiais”. O resultado foi que viram partir muitos daqueles que tinham, defraudados e desiludidos.

Hoje, uma nova geração, nascida neste “ambiente eclesial secularizado”, que se esperava deles mais abertura, vê na sociedade o abismo e os confrontos, sobretudo no campo ético, se intensificarem contra o Magistério da Igreja. Por isso, esta nova geração sente uma grande sede de transcendência diante deste “deserto de Deus”.

São justamente estes jovens, secularizados e sedentos, que batem à porta do Seminário. Estes precisam, segundo o papa, encontrar formadores que sejam verdadeiros homens de Deus, sacerdotes totalmente dedicados à formação e que testemunhem sua vocação através “do celibato e da vida austera”. Por isso, é tarefa dos bispos estabelecerem os critérios essenciais para a formação dos seminaristas e dos presbíteros “na fidelidade às normas universais da Igreja”.

Falando para os bispos do Regional Nordeste 2 (Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas), o papa desenvolve um tema que ele mesmo considera “um dos pontos mais delicados do ser e da vida da Igreja”: as relações entre sacerdócio comum e sacerdócio ministerial.

Chama a atenção para que aja um entendimento sobre a identidade específica dos ministros ordenados e dos leigos para que se evite “a secularização dos sacerdotes e a clericalização dos leigos”. A identidade própria dos leigos, segundo Bento XVI, é o seu empenho em “exprimir na realidade, inclusive através do empenho político, a visão antropológica cristã e a doutrina social da Igreja”. Já os padres “devem permanecer afastados de um engajamento pessoal na política, a fim de favorecerem a unidade e a comunhão de todos os fiéis”, para que sejam, por isso, uma referência para todos.

Segundo ele, este “desequilíbrio” poderia ser explicado pelo pouco número de presbíteros e que levariam as comunidades “a resignarem-se a esta carência” e se consolando com isso para poderem evidenciar melhor o papel dos leigos. Mas aí estaria o equívoco: “não é a falta de presbíteros que justifica uma participação mais ativa e numerosa dos leigos. Na realidade, quanto mais os fiéis leigos se tornam conscientes de suas responsabilidades na Igreja, tanto mais sobressaem a identidade específica e o papel insubstituível do sacerdote como pastor do conjunto da comunidade”. Por isso tudo, os bispos devem concentrar esforços para despertar novas vocações sacerdotais e encontrar os pastores indispensáveis aos trabalhos diocesanos.
Também indispensáveis para este trabalho conjunto com os bispos estão os membros das comunidades religiosas. Falando aos bispos do Regional Sul 2 (Paraná), Bento XVI exalta a importância das diversas famílias religiosas de vida monástica, congregações religiosas, sociedades de vida apostólica, instituto seculares até as novas formas de consagração, pois elas enriquecem a Igreja, “antes de tudo com o seu amor”, com os seus carismas e abre a Igreja diocesana “a uma dimensão mais universal”. “Por isso a vida consagrada nunca poderá faltar nem morrer na Igreja: foi querida pelo próprio Jesus como parcela irremovível da sua Igreja”.

Escola católica e Teologia da Libertação
Durante a visita conjunta dos Regionais Sul 3 (Rio Grande do Sul ) e Sul 4 (Santa Catarina), Bento XVI, no seu trabalho de lutar contra o relativismo e a sociedade secularizada, desenvolveu seu discurso em cima da questão da cultura, particularmente “para dois lugares clássicos onde a mesma se forma e comunica”: a universidade e a escola. Sua fala se fixou na ação desenvolvida por aquelas comunidades acadêmicas que nasceram “à sombra do humanismo cristão e nele se inspiram, honrando-se do nome ‘católicas’.

Defendeu junto aquele episcopado a escola católica e sua inserção junto às outras instituições educativas. Ela está a serviço da sociedade, pois desempenha uma função pública e um serviço público de utilidade, não só aos católicos, mas “aberto a todos os que queiram usufruir de uma proposta educativa qualificada”. Em outro discurso, para os bispos do Maranhão, afirmou assim sobre este mesmo tema: “Por isso, amados Irmãos, uno a minha voz à vossa num vivo apelo a favor da educação religiosa, e mais concretamente do ensino confessional e plural da religião, na escola pública do Estado”.

Além disso, aproveitou para agradecer, em nome de toda a Igreja, às diversas comunidades religiosas que fundaram e sustentam Universidades Católicas, mas lembra-lhes também que “estas não são uma propriedade de quem as fundou ou de quem as freqüenta, mas expressão da Igreja e do seu patrimônio de fé”.

Em função disso, ou seja, da Universidade católica como sendo o lugar de “expressão da Igreja e do seu patrimônio de fé”, o papa Bento XVI aproveitou para relembrar os 25 anos da Instrução Libertatis nuntius da Congregação da Doutrina da Fé, sobre alguns aspectos da Teologia da Libertação.

Segundo ele, ainda se fazem sentir as seqüelas desta corrente nas dioceses daqueles dois regionais. Seqüelas estas marcadas por rebeliões, divisões, dissensos, ofensas, anarquias, gerando ainda “grande sofrimento e grave perda de forças vivas”. Por isso, suplica “a quantos de algum modo se sentiram atraídos, envolvidos e atingidos no seu íntimo por certos princípios enganadores da teologia da libertação, que se confrontem novamente com a referida Instrução, acolhendo a luz benigna que a mesma oferece de mão estendida”.

CNBB e Bispos
Sobre o múnus pastoral dos bispos, o papa Bento XVI fez um discurso para o episcopado do Regional Leste 2 (Minas Gerais e Espírito Santo). Enquanto sucessores dos Apóstolos, e tomando parte do Colégio a partir da “sagração episcopal e pela comunhão hierárquica com a Cabeça e os membros”, são confiados aos bispos “a tríplice função de ensinar, santificar e governar o povo de Deus”. Fortificado internamente pelo Espírito Santo, cada bispo deve fazer-se “tudo para todos” (1 Cor 9, 22), propondo “a verdade da fé, celebrando os sacramentos da nossa santificação e testemunhando a caridade do Senhor”, e devendo ser sempre princípio e fundamento visível nas suas dioceses.

Por isso mesmo, os pastores têm “o grave dever de emitir juízo moral, mesmo em matérias políticas” quando os direitos fundamentais da pessoa “ou a salvação das almas” o exigir. Foi desta forma que o papa se posicionou para os bispos do Regional Nordeste 5 (Maranhão).

Para ele, seria totalmente falsa e ilusória qualquer defesa dos direitos humanos políticos, econômicos e sociais que não compreendesse a enérgica defesa do direito à vida desde a concepção até à morte natural. Assim, quando projetos políticos contemplam, aberta ou veladamente, a discriminalização do aborto ou da eutanásia, o ideal democrático é atraiçoado nas suas bases.

Daí conclama os bispos: “Portanto, caros Irmãos no episcopado, ao defender a vida não devemos temer a oposição e a impopularidade, recusando qualquer compromisso e ambigüidade que nos conformem com a mentalidade deste mundo” (n.3).

Finalmente, e encerrando as visitas Ad limina, falou para o episcopado do Regional Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás e Tocantins). Na verdade, este discurso foi mais uma orientação para toda a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), incluindo seus assessores(as).

Para o papa a CNBB continua sendo “um ponto de referência da sociedade brasileira. No entanto, o que se espera de seus membros é a prática “da caridade recíproca”. As Conferências Episcopais são o lugar concreto da “aplicação do afeto colegial dos Bispos em comunhão hierárquica com o Sucessor de Pedro, para ser um instrumento de comunhão afetiva e efetiva entre todos os membros, e de eficaz colaboração com o Pastor de cada Igreja particular na tríplice função de ensinar, santificar e governar as ovelhas do próprio rebanho”. Por isso, elas devem evitar de colocar-se como uma realidade paralela ou substitutiva do ministério de cada um dos Bispos.

Em seguida, elenca alguns temas relevantes para a atuação conjunta dos bispos: a promoção e a tutela da fé e da moral, a tradução dos livros litúrgicos, a promoção e formação das vocações de especial consagração, elaboração de subsídios para a catequese, o compromisso ecumênico, as relações com as autoridades civis, a defesa da vida humana, desde a concepção até a morte natural, a santidade da família e do matrimônio entre homem e mulher, o direito dos pais a educar seus filhos, a liberdade religiosa, os outros direitos humanos, a paz e a justiça social.

Por fim, faz uma advertência ao trabalho dos(as) assessores(as) da CNBB: “é necessário lembrar que os assessores e as estruturas da Conferência Episcopal existem para o serviço aos Bispos, não para substituí-los. Trata-se, em definitiva, de buscar que a Conferência Episcopal, com seus organismos, funcione sempre mais como órgão propulsor da solicitude pastoral dos Bispos” (n.4).

Conclusão
Retomando a citação inicial de Giuseppe Alberigo, precisaremos ainda acompanhar com que intensidade e com qual profundidade as “opções pastorais” do papa Bento XVI terão repercussão no próximo quadriênio de trabalho da nova presidência da CNBB (maio de 2012). Será que a CNBB terá forças para esvaziar o esforço centralizador do aparato eclesiástico e reatualizar “a possibilidade de uma comunhão eclesial efetiva”?

Notas:
1 - ALBERIGO, Guseppe. A Igreja na História, São Paulo: Paulinas, 1999, p.33.2 - Ao observar os eventos que sucederam durante as eleições presidenciais de 2010, parece que os bispos de São Paulo aceitaram o apelo do papa.3 - Este discurso foi feito alguns dias imediatamente próximos às eleições presidenciais em segundo turno e acabou por reforçar a posição assumida por alguns bispos do Regional Sul 1 e dos grupos de defesa da vida (pró-vida).4 - Aqui fica evidente a preocupação do papa Bento XVI com as possíveis fissuras, reveladas com muita intensidade, no interior da CNBB quando do desenvolvimento da campanha eleitoral presidencial deste ano. Outro ponto, que sempre volta aos debates internos da CNBB, é o problema “assessor”. As mudanças estatutárias empreendidas na CNBB, e aprovadas pela Santa Sé em 2002, tinham como uma de suas preocupações diminuir a influência dos(as) assessores(as) no planejamento e ação pastoral. Dom Luciano Medes de Almeida relembra este processo quando a CNBB comemorava seu jubileu de ouro: “Vejam, toda a parte de planejamento é útil, tudo o que sofremos para elaborar diretrizes, custou muito trabalho, mas nada disso chega perto da dedicação, por exemplo, dos assessores. Quanta gente sofreu quando não falaram bem dos assessores! Quem de nós não sabe que são pessoas que dedicaram a vida inteira, horas a fio, de madrugada, trabalhando, dando a vida pela Igreja no Brasil, correndo de lá para cá. Vocês sabem, isso custou muito mais a nós que estávamos na presidência, do que se tivessem falado de nós. Primeiro, porque eram grandes amigos. Sempre foram. Mereciam confiança. Agíamos com maior transparência. Eles não podiam, muitas vezes, se defender. Então foi, e ainda é, um momento difícil, que teve reflexos na nova legislação da CNBB”. (Cit. in INP (org.). Presença Pública da Igreja no Brasil: jubileu de ouro ‘da CNBB, São Paulo: Paulinas, 2002, p. 515).

CEBs Itabuna - Bahia , realiza encontro

Coordenação Diocesana de CEBs realiza encontro 

                                                           em preparação ao 6º Nordestão.





“Gente simples, fazendo coisas pequenas, em lugares pouco importantes, consegue mudanças extraordinárias” (provérbio africano proferido por dom Moacyr Grechi, bispo de Porto Velho, na abertura do 12º Intereclesial das CEBs ).

A Coordenação Diocesana das CEBs realizou no dia 28 de novembro de 2010, no salão paroquial da Igreja Santa Rita de Cássia, Itabuna – Bahia, encontro de estudo em preparação para o 6º Nordestão das CEBs a ser realizado na Diocese de Itabuna, em julho de 2012.

O encontro foi assessorado pelo missionário leigo, Haroldo Heleno, membro do Conselho Indigenista Missionário e atual coordenador de pastoral da Paróquia Santa Rita de Cássia, e teve a participação de  mais ou menos 20 representantes das Paróquias: Santa Rita, Goretti, Piedade, Bomfim, Aparecida e São Sebastião de Camacan, contou ainda com a participação de representantes da Comissão Pastoral da Terra, Associação para  o Resgate  Social Camacaense, do Pe. José Roberto, coordenador diocesano de Pastoral e do Frei Genilton, vice coordenador regional das CEBs e assessor espiritual da mesma.

Haroldo Heleno, trabalhou a sua reflexão em cima dos documentos da igreja, em especial o documento 25 da CNBB: “Comunidades Eclesiais de Base na Igreja do Brasil”, utilizou também citações do Documento de Aparecida. Motivou a todos e a todas com o texto: “Mensagem ao povo de Deus sobre as Comunidades Eclesiais de Base”, publicado no dia 12 de maio deste ano quando da realização da 48º Assembléia Geral da CNBB.

Após um breve histórico da caminhada das CEBs no Brasil, seus aspectos estruturais, seu rosto e a sua identidade, Heleno abordou trechos da Mensagem dos Bispos ao povo de Deus, destacando alguns pontos, entre estes: “As comunidades Eclesiais de Base, constituem “em nosso país, uma realidade que expressa um dos traços mais dinâmicos da vida da Igreja” e para reforçar ainda mais esta afirmação sobre a importância das CEBs, ele destacou a fala dos Bispos no documento 25: “Quremos reafirmar que elas continuam sendo um “sinal de vitalidade da Igreja”. E destacava aspectos importantes  na vivência das CEBs: “Os discípulos e as discípulas de Cristo nelas se reúnem para uma atenta escuta da Palavra de Deus, para a busca de relações mais fraternas, para celebrar os mistérios cristãos em sua vida e para assumir  o compromisso de transformação da sociedade...”

Em seguida abordou os desafios postos as CEBs nos dias de hoje, em especial o processo de globalização, que atendendo a vontade do mercado exclui as pessoas, agride e depreda o meio ambiente, fere a dignidade humana, a medida que ela avança, destroi as relações de cooperação e solidariedade e introduz relações de competição nas quais o mais forte  é quem sempre leva vantagem. Portanto é preciso valorizar, resgatar, implantar as experiências de socialbilidade, relações fundadas na gratuidade, na partilha, na solidariedade, na justiça, caracteristicas comuns as CEBs.

Outros pontos importante da Mensagem ao povo de Deus foram sendo pontuados e trabalhados pelo assessor: A espiritualidade e a vivência eucarística das CEBs, tendo a Eucaristia no centro da vida de nossas comunidades de base. É o sacramento que expressa comunhão e participação de todos e todas, como numa grande família, ao redor da Mesa do Pai. A acolhida da Palavra de Deus e a vivência comunitária da fé são indissociáveis nas CEBs.

A Bíblia faz parte do dia-a-dia da comunidade, estando presente nos grupos e pastorais, nas liturgias e na formação, na reza e nas ações que visam superar as desigualdades e injustiças da sociedade brasileira; Alimentadas pela Palavra de Deus e pela vivência de comunhão, as CEBs promovem solidariedade e serviço. Reunindo pessoas humildes, as CEBs ajudam a Igreja a estar mais comprometida com a vida e o sofrimento dos pobres, como fez Jesus. Elas manifestam, mais claramente, que “o serviço dos pobres é medida privilegiada, embora não exclusiva, do seguimento de Cristo”. E assim Haroldo Heleno foi trabalhando a reflexão sobre as CEBs, sempre usando exemplos vivenciados em nossa Diocese.

Em seguida a explanação do Assessor a plenária fez diversas intervenções sobre a mensagem dos Bispos, bem como sobre a preparação para a realização do 6º Nordestão: Tais como, a necessidade de repasse desta reflexão para um número bem maior de pessoas na Diocese, no sentido de envolver ainda mais as comunidades nesta preapração/caminhada; Aproveitar todos os espaços, encontros, eventos, para divulgar e motivar a todos a se envolverem nesta bonita e cativante jornada; Tentar diagnosticar comunidades que tenham seu “modo operantis” de CEBs mas não se identificam como tal, para fazer com que se envolva mais e se fortaleçam com esta experiência; 

Tentar escolher um representante por Paróquia (nem que seja só no Vicariato centro) para começar a  participar desta preparação; Iniciar desde já um fraternal diálogo com os Padres no sentido de sensibilizá-los para esta causa; Lembrar a todos que a realização deste evento em nossa Diocese será parte integrante da nossa caminhada jubiliar na celebração do nosso Ano Missionário. Tentar estabelecer desde cedo as comissões rsponsaveis pelas diversas funções que envolvem um evento deste porte; Foi lembrado a aceitação de Dom Ceslau a proposta da realização do evento e o apoio das pastorais sociais, bem como o apoio expressado pelo Bispo Diocesano de Ilheus Dom Mauro e por Dom Ricardo Brusati de Caitité e referencial no Regional Nordeste III das CEBs para a realização do 6º Nordestão.

Para finalizar o encontro, antes do almoço partilhado, foi exibido o filme: “Dom Helder Câmara, o Santo Rebelde”. Se lembrou que no próximo dia 04 de dezembro haverá reunião da Comissão de preparação do 6º Nordestão, na Paróquia Santa Rita de Cássia.

20ª ASSEMBLEIA ARQUIDIOCESANA DAS CEBs- FORTALEZA

“Retome o caminho de antes!” (Ap 2,5)

Mensagem da 20ª Assembléia Arquidiocesana de CEBs

Terminou ontem (domingo, 28/11/10), ao meio-dia, a assembléia anual das Comunidades Eclesiais de Base da Arquidiocese de Fortaleza que reuniu no Centro de Pastoral Maria, Mãe da Igreja, desde a noite de sexta, aproximadamente cem representantes de comunidades da periferia da capital, bem como de paróquias da região serrana. Sob o lema “Toda essa gente organizada...”, os participantes celebraram vivamente sua fé no Deus Libertador dos Pobres, como realizaram estudos e planejamentos importantes para a caminhada no ano que vem. A Assembléia foi viabilizada, inteiramente, através do esforço conjunto dos próprios agentes comunitários e de doações generosas de algumas apoiadoras – que Deus as abençoe!

O encontro foi iluminado, desde a noite de abertura, por leituras incisivas tiradas do livro do Apocalipse, coisas que “o Espírito diz às igrejas” de hoje (Ap 2-3). Dentre as frases mais refletidas e repetidas pelos(as) “cebianos (as)” estava essa: “Você abandonou o seu primeiro amor...[...] Converta-se e retome o caminho de antes!” A causa da “refundação” das CEBs logo começou a tomar conta da assembléia. Foi prestado um lindo tributo ao grande compositor litúrgico das CEBs e Pastorais Sociais, o mineiro Zé Martins, falecido há um ano: Vários dos seus mais célebres hinos foram entoados, com muita emoção, na sexta-feira à noite. O bingo de um violão, em benefício da sustentação do próprio evento, encerrou o momento de abertura. Sábado foi dia de estudo e trabalho em grupos.

De manhã, todos(as) se inteiraram do conteúdo do Documento Nº 92 da CNBB, intitulado “Mensagem ao Povo de Deus sobre as Comunidades Eclesiais de Base”. O clima de “refundação das CEBs” que já permeava a assembléia se intensificou ainda mais com a grande valorização das comunidades de base por parte de nossos bispos. Eis alguns trechos: “Reunindo pessoas humildes, as CEBs ajudam a Igreja a estar mais comprometida com a vida e o sofrimento dos pobres, como fez Jesus” (p.16); “São as relações de reciprocidade que, promovendo a solidariedade que é a força dos pobres e pequenos, permitem que se diga que ‘Gente simples, fazendo coisas pequenas, em lugares pouco importantes, consegue mudanças extraordinárias” (p.8).

À tarde, o assessor Pe. Vileci, da diocese do Crato, expôs todo o plano de preparação do 13º Encontro Intereclesial de CEBs que acontecerá em 2013, em Juazeiro do Norte, e deverá receber milhares de delegad@s de CEBs do Brasil inteiro. Vai “chover cebianos(as) "em nosso Ceará! Vileci esclareceu a necessidade de um envolvimento de todas as dioceses do Regional neste processo de preparação. Prontamente foi formada, na Assembléia, uma comissão arquidiocesana de divulgação e arrecadação financeira do “XIIIº”.

A resolução mais importante da manhã de domingo foi o prolongamento da Campanha das CEBs pela redução da Taxa de Esgoto, com sua coleta de assinaturas em todo o município de Fortaleza: ocorrerá até o dia 19 de março de 2011. No dia 10 de dezembro próximo as CEBs estarão na Praça do Ferreira, com um stand para colher assinaturas dos transeuntes. Uma manifestação pública que acompanhará a entrega das assinaturas à CAGECE está prevista para o dia 22 de março, Dia Mundial das Águas.

Uma celebração eucarística rica em depoimentos emocionantes dos participantes e em ações de graça ao Deus da Libertação – especialmente pelos quatro “anciãos” da caminhada que a concelebraram, a saber, Pe. Martinho, Pe. Marco Passerini, Pe. Eduardo e Pe. Lino – foi o ápice deste final de semana maravilhoso. O encontro se encerrou com um almoço comunitário, um verdadeiro “banquete do reino de Deus”!
Agora, é arregaçar as mangas e trabalhar nas comunidades para que tudo aconteça como foi planejado... Afinal, como diz o Credo das CEBs, “entrar na luta é pra já, aleluia é pra depois!”

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Carlo Tursi, membro da Coordenação arquidiocesana de CEBs

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

CEBs - Pedreiras-MA





CEBs - Paroquia São Benedito - Pedreiras/MA

27.11.2010

Regional Norte 2 realiza 14º Encontro das CEBs

cebs
No domingo, 14 de novembro de 2010, o Regional Norte 2 da CNBB (Pará e Amapá) realizou 14º Encontro das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Realizado duas vezes ao ano, no primeiro e segundo semestres, o evento tem por objetivo reanimar e criar novas comunidades entre 2010 e 2014.
De acordo com a secretária das CEBs no Regional, Regina Lúcia, o importante no encontro é conhecer a realidade das comunidades e as suas dificuldades e trabalhar contra barreiras com a violência. “Um dos papéis importantes do trabalho desenvolvido pelas CEBs é a oração e a luta por melhorias nas comunidades”.
O evento aconteceu em Icoarai, na Paróquia Nossa Senhora de Fátima no conjunto Eduardo Angelin, das 8h até as 14h.

27º Encontro Diocesano das CEBs - Diocese de Cerro Largo

Coordenador acadêmico participa de encontro das CEBs


Cerro Largo – Nos dias 09 e 10 de outubro de 2010, aconteceu o 27º Encontro Diocesano das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Foi um encontro de representantes das Paróquias da Diocese de Cerro Largo, tendo como tema central “Acolhendo a família em sua diversidade”. O Encontro acontece desde 1983, a cada ano em uma cidade diferente. Neste ano o evento aconteceu em Santa Rosa, nas dependências do Colégio Santa Rosa de Lima. Participaram mais de 200 pessoas, provenientes dos municípios da região das Missões e da Fronteira Noroeste do Rio Grande do Sul.

O coordenador acadêmico da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) do campus Cerro Largo, Edemar Rotta, foi convidado pela Comissão Organizadora do evento para atuar como assessor, realizando uma análise da conjuntura brasileira e internacional atual, na manhã de sábado. O professor Rotta procurou destacar os aspectos da conjuntura econômica, política e social, chamando atenção para os reflexos da crise econômica de 2008 que ainda estão presentes nos diferentes países e como eles tem procurado enfrentá-la. No caso brasileiro destacou a opção feita por uma ação mais decisiva do Estado no incentivo ao mercado interno e uma atuação pontual no mercado externo, incentivando produtos com maiores condições de competitividade.

No aspecto político, Edemar Rotta destacou a diversidade de propostas ideológicas em disputa no cenário internacional e os principais projetos que se enfrentaram nas eleições brasileiras de 2010, além de outros assuntos como a composição da Câmara Federal e do Senado depois das últimas eleições, além dos legislativos estaduais e das disputas para os governos estaduais. Na questão social procurou focar o fenômeno da crise das instituições tradicionais e os novos desenhos organizacionais, as novas formas de relacionamento e convivências e as possibilidades de ascensão social mostradas no Brasil na última década.
Fonte: Universidade Federal da  Fronteira Sul

Forania de Caratinga realiza Encontro das CEBs em Santa Rita

21/11/2010

Realizou-se neste último domingo, 21 de novembro, na cidade vizinha de Santa Rita de Minas mais um encontro das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base) da Forania de Caratinga em comemoração ao Dia Nacional do Leigo e da Leiga, sempre celebrado na Solenidade de Cristo Rei do Universo. 

O encontro iniciou às 09:00hs sendo presidida pelo Padre Adair José de Freitas e concelebrada pelo Padre José Geraldo Gouvêa na Paróquia Santa Rita de Cássia. Logo após a Santa Missa os participantes do encontro se dirigiram em procissão até o Ginásio Poliesportivo Municipal, sendo todos recebidos e acolhidos com um delicioso café da manhã. 

Durante a Celebração Eucarística da Solenidade de Cristo Rei do Universo.
Chegada da Procissão ao Ginásio Poliesportivo.
Dando prosseguimento ao encontro, foi apresentado pelo Márcio, membro da Forania de Caratinga, Mariano, no qual fez durante a manhã uma riquíssima palestra sobre o importantíssimo papel do Leigo e da Leiga na Igreja Católica, além de fazer uma pequena introdução e explanação da nova Exortação Apostólica Pós-Sinodal do Papa Bento XVI, Verbum Domini, Palavra do Senhor; destacando os pontos principais para a vida dos Leigos na Igreja junto à Palavra de Deus. Após, foi montado um grandíssimo trenzinho humano representando o Trem das CEBs. 

O grande Trem da CEBs
Logo após, foi servido no local um delicioso almoço. Prosseguindo, Mariano continuou com reflexões durante a tarde convidando diversos Leigos de também diversas pastorais a darem o seu testemunho de serviço à nossa queridíssima Igreja Católica. Encerrando sua participação, Mariano faz uma breve colocação sobre o Documento 62 da CNBB (Missão e Ministérios dos Cristãos Leigos) e concluiu com um texto da Segunda Carta de São Paulo à Timóteo: “Eu te conjuro em presença de Deus e de Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, por sua aparição e por seu Reino: prega a palavra, insiste oportuna e importunamente, repreende, ameaça, exorta com toda paciência e empenho de instruir. Porque virá tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si. Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas. Tu, porém, sê prudente em tudo, paciente nos sofrimentos, cumpre a missão de pregador do Evangelho, consagra-te ao teu ministério.” (2Tm 4, 1-5); destacando a missão do cristão leigo, que é de Evangelizar, ou seja, levar o Evangelho de Cristo a todos. 

Concluindo também o encontro, foram devidamente feitos os agradecimentos e concedida a palavra ao Bispo da Diocese de Caratinga, Dom Hélio Gonçalves Heleno, no qual deu ênfase no Assembléia de Pastoral do Regional Leste 2 da CNBB (Dioceses de Minas Gerais e Espírito Santo) e também nos dados estatísticos de nossa Diocese (destacando aqui que a Diocese de Caratinga possui em média de 500 a 600 mil fiéis católicos e cerca de 100 a 200 mil protestantes). O encontro foi encerrado às 16:00hs com a bênção do nosso bispo e com um delicioso café da tarde. 

Segundo Padre Joaquim da Rocha Calais, pároco da Paróquia São Judas Tadeu (Caratinga - MG) “estimava-se a presença de cerca de 300 leigos de toda a Forania de Caratinga”, mas surpreendeu-se ao reparar que ali havia em torno de 600 pessoas entre leigos, sacerdotes e demais pessoas ligadas à Forania de Caratinga. Nossa comunidade foi representada por dois leigos: José Lopes, coordenador da comunidade e Victor Hugo, membro das pastorais da comunidade. 


REDAÇÃO DO PORTAL DA CAPELA SÃO JOSÉ - FOTOS: VICTOR HUGO OLIVEIRA - REDIGIDO POR: VICTOR HUGO OLIVEIRA

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

CEBs no IV Forum Social das Américas

IV Fórum Social das Américas e as CEBs




UCB(Universidade Catolica de Brasilia) participa do IV Fórum Social das Américas

A participação no evento foi importante para estabelecer vínculos entre o Projeto Memória e Caminhada (PMC) e as Comunidades Eclesiais de Base do Brasil
De 11 a 15 de agosto, o professor Renato Thiel, gestor do Projeto Memória e Caminhada da Universidade Católica de Brasília, participou do IV Fórum Social das Américas (FSA), em Assunção, Paraguai, representando as Comunidades Eclesiais de Base do Brasil (CEBs). O professor foi escolhido como representante do país no I Encontro da Equipe de Coordenação Ampliada das CEBs, que aconteceu em julho, em Crato, Ceará.A participação no evento foi importante para estabelecer vínculos entre o Projeto Memória e Caminhada (PMC) e as CEBs e consolidar o PMC como espaço e centro de pesquisa e de produção de conhecimento.

Aproximadamente 10 mil pessoas, entre membros de governos e representantes de cerca de 500 movimentos e redes sociais da América Latina e Europa participaram de mesas redondas, oficinas, debates e eventos culturais envolvendo vários temas, entre eles a luta pela reforma agrária, pela defesa do meio ambiente, contra a militarização e a criminalização dos povos.

Durante o evento, a Prêmio Nobel da Paz, Rigoberta Menchú, chamou atenção para as consequências desastrosas do modelo civilizatório colonial capitalista para os povos nativos e originários do continente, que estão provocando uma deterioração da vida comunitária, destruição de milhares de formas de vida e uma decadência social, material e espiritual.

"Este fórum social e os anteriores são o refúgio da dignidade latino-americana, na busca incansável da terra sem mal, que já pressagiaram nossos ancestrais guaranis", disse Lugo, presidente paraguaio.

Uma das marcas do FSA é a centralidade da vida. Ela se agita, grita, apresenta-se em sua diversidade ameaçada, em sua espiritualidade reprimida, em sua pluralidade condenada. De acordo com Thiel, “foi, sem dúvida, uma oportunidade muito rica de troca de experiências, de conhecimentos e de fortalecimento da fé e esperança na necessidade das CEBs no Brasil e nas Américas”.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Assembléia Diocese de Crato e 13º Intereclesial das CEBs






Esta manhã, foram acolhidos no Centro de Expansão Dom Vicente Matos vários sacerdotes, religiosos, religiosas, leigos e leigas provenientes de todas as paróquias da Diocese de Crato, bem como das mais variadas pastorais, além do Conselho Diocesano de Pastoral, sob a preseidência do Bispo Diocesano, para realizarem a Assembleia Diocesana de Pastoral que definirá os elementos da caminhada pastoral da Diocese no próximos anos.

O tema do 13º intereclesial das CEBs, “Justiça e Profecia a serviço da vida” e o lema “CEB’s Romeiras do Reino no campo e na cidade”,  nortearão as reflexões e iniciativas da Assembleia deste ano e nesta espiritualidade a Diocese caminhará rumo à celebração do seu centenário.

A Assembleia teve início às 8h50min com a oração do Ofício Divino das Comunidades, em seguida o Pe. Edimilson, Coordenador Diocesano de Pastoral, ecolheu a todos, dando lugar à palavra de de Dom Fernando que depois de acolher os padres, leigos(as) e religiosos(as) abriu oficialmente a 9º Assembleia de Pastoral do seu ministério episcopal em Crato.

Em sua palavra, o Bispo Diocesano Dom Fernando Panico, motivado pela alegria do número de habitantes da Diocese, segundo o ultimo senso, publicado em 4/11/2010 (quase um milhão), lembrou a caminhada missionária da Diocese como realização da Missão Continetal em nossa terra e enfatizou a responsabilidade da nossa Igreja Particular diante do 13º Intereclesial: a Diocese missionária é, também, a Diocese das "CEBs Romeiras do Reino". Convidou para que os participantes se alimentassem da Palavra de Deus, ao anunciar a publicação da Exortação Apostólica "Verbum Domini", do Papa Bento XVI, lançada recentemente. Procedamos em paz! Em nome de Cristo – concluiu o bispo.

Seguem os trabalhos nos próximos dois dias neste direcionamento em comunhão com o coração dos fiéis de toda a Diocese que dirigem as orações pedindo os bons frutos da Assembleia.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

48ª Assembleia

O sentido missionário da Igreja está nas CEBs

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O sentido missionário da Igreja está nas CEBs, defende dom Edson Damian

Na quinta-feira, 6, os bispos reunidos na 48ª Assembleia Geral da CNBB, que acontece em Brasília (DF), discutiram as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs)  - tema prioritário do evento. O tema foi escolhido a pedido 56 bispos que participaram do 12º Intereclesial das Comunidades de Base, que ocorreu em Porto Velho (RO), em julho de 2009.
O bispo de São Gabriel da Cachoeira (AM), dom Edson Tasquetto Damian, destacou que as CEBs garantem a unidade na Igreja entre fé e vida, oração e compromisso político. “A dimensão sócio-transformadora é parte essencial do Evangelho. Quando evangelizamos esquecendo a luta pela justiça, a defesa da vida, a defesa dos direitos humanos, nós estamos de certa forma mutilando o Evangelho. É por isso que as CEBs conseguem na nossa Igreja ajudar na evangelização, que ajuda na libertação integral de todos os homens”, disse o bispo.
Para dom Edson, só existe missão quando se constroem comunidades. Ele explica que o sentido missionário é um dos grandes objetivos da Igreja. “Não existe missão sem construir e envolver comunidades. É na comunidade que estão presentes os pais, os filhos e as pessoas que exercem os ministérios. Toda verdadeira missão deve nascer na comunidade, fortalecer e vivificar nossas comunidades. Eis aí o sentido missionário da Igreja”.
Durante as colocações dos bispos sobre a temática, o arcebispo de Porto Velho (RO), dom Moacyr Grechi, destacou a importância “indispensável” das CEBs para a Igreja. Ele se emocionou ao afirmar que o 12º Intereclesial foi o encontro mais bonito de seus 40 anos de episcopado. “Sem dúvida, o 12º Intereclesial das CEBs, em Porto Velho, foi o momento mais marcante de toda a minha vida episcopal”. Dom Moacyr ainda lembrou as dificuldades em realizar o evento por falta de recursos financeiros e ressaltou o valor do encontro. “Foram muitas as dificuldades para realizar o Intereclesial, no entanto, foi a maior bênção da minha vida”, garantiu.
"Na minha diocese essa opção pelas CEBs foi feita e é irrenunciável, pois tem dado frutos extraordinários, não apenas em manter viva a fé e a esperança do povo, mas onde existem as CEBs os evangélicos não entram e os católicos não saem da nossa Igreja”. O bispo de São Gabriel da Cachoeira também lembrou que outros bispos comentaram que ‘todas as lideranças que saem para o movimento popular, para os sindicatos e para os partidos políticos mais comprometidos, são pessoas que passaram pelas CEBs’. “Para mim, as comunidades de base são escolas que formam cristãos comprometidos com a sociedade, os direitos humanos”, defendeu dom Edson Damian.
Questionado sobre os frutos das Comunidades Eclesiais de Base, o bispo enumerou alguns pontos, que fazem das CEBs indispensáveis ao trabalho junto às bases. “As CEBs têm sido a sementeira de muitas vocações para os ministérios, não apenas para o presbiteral, vida religiosa, mas também para os outros ministérios exercidos pelos leigos e leigas hoje. Acredito que por esses motivos nós temos razões de sobra para agradecer o fato de as CEBs terem entrado nessa Assembleia e incentivado os bispos que têm o pé atrás, a se engajarem nesse caminho”.
Outro ponto importante destacado pelo bispo é a importância das CEBs em formar rede de comunidades. Ele comenta que esse pedido vem do próprio Documento de Aparecida (DAp). Para ele, o ponto ‘criação de comunidades’ é desprezado por outras pastorais e movimentos, que estão nascendo agora na Igreja. “Alguns movimentos acentuam apenas a dimensão espiritualista, a vida sacramental que é importante, mas, sem o engajamento numa comunidade e sem o compromisso com alguma pastoral, como as CEBs se preocuparam. A fé se torna muito individualista, particularizada e subjetivista sem a presença da comunidade. O DAp, por exemplo, orienta esse modelo de movimento ou pastoral engajado nas comunidades”.

Particularidades das CEBs

48ag06cebsdomedsonO bispo de São Gabriel da Cachoeira também pontuou alguns diferenciais e particularidades que fazem das CEBs “indispensáveis à Igreja”. “Primeiro elas são samaritanas: fazem o papel do bom samaritano que se inclina sobre os feridos, os excluídos, aqueles que sofrem. Ela é samaritana como Jesus que é o bom samaritano. Em segundo lugar, as CEBs são proféticas porque elas se colocam em defesa e promoção da vida, da justiça, e na dimensão profética da Igreja. Em terceiro lugar, as CEBs têm a dimensão da família, é o rosto familiar da nossa Igreja”. De acordo com dom Edson, “é nas comunidades de base que as pessoas se conhecem pelo nome e até pelo apelido”. A dimensão orante é outro ponto importante nas comunidades, segundo o bispo. “Nas CEBs celebramos os sacramentos, as liturgias da Palavra, quando é impossível a celebração da eucaristia”. Por fim, diz dom Edson, “elas têm a dimensão missionária, tão importante. As CEBs formam os discípulos missionários, que são o novo jeito de ser cristão na nossa Igreja no Brasil e na América Latina”.
A CNBB vai publicar no fim da Assembleia um texto de sete ou oito páginas, sobre o tema prioritário, Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), cujo objetivo é chegar às próprias comunidades de base.

48ª Assembléia dos Bispos - Sergio Coutinho



Notícias do Prof. Sérgio Coutino - 48º Assembléia dos Bispos

No dia 06/05, quinta-feira próxima, teremos uma 1ª sessão sobre o tema prioritário da 48ª AG: as CEBs.

Vamos fazer da seguinte forma:
a) Testemunho de Ana Maria da Ampliada Nacional do Regional NE 1 (20');

b) Testemunho de Dom Moacyr Grechi sobre o 12º Intereclesial (20');

c) Testemunho do Pe. Cleto Calimann sobre a eclesialidade das CEBs (20');

Enquanto isso, faremos a entrega de uma "Mensagem ao Povo de Deus nas Comunidades Eclesiais de Base". Esta será proposta da Comissão aos bispos.

Em seguida, será aberta para uma "fila do povo" episcopal para comentários, contribuições, também críticas. Depois será feita uma votação ampla e aberta sobre se aceitam ou não o envio desta mensagem. 

Já esta´agendado também uma entrevista no Programa TRIBUNA INDEPENDENTE da Rede Vida para o dia 06/05 à 22:00h sobre o tema das CEBs. Os entrevistados serão Dom José Luiz Bertanha (Presidente da Comissão Laicato CNBB), Dom Moacyr Grechi (Porto Velho) e Dom Fernando Panico (Crato-CE).

Sérgio Coutinho

CARTA DA 5ª AMPLIADA NACIONAL DAS CEBs - ref ao 12º Intereclesial


CARTA DA V AMPLIADA NACIONAL DE CEBs ÀS COMUNIDADES DO BRASIL

No Planalto Central, em pleno cerrado, nós, representantes das CEBs dos 17 Regionais do Brasil, reunidos em Brasília – DF, no período de 28 a 31 de janeiro de 2010, com os seguintes objetivos: 1 – Avaliar a caminhada feita durante o 12° Intereclesial; 2 – Refletir o rosto das CEBs do Brasil em contribuição à preparação da 48° Assembleia Nacional dos Bispos do Brasil; 3- Perspectivas para o 13° Intereclesial.
No inicio de nosso encontro, trazemos a memória dos recentes acontecimentos, tais como: a ressurreição de nosso irmão Zé Martins, os 10 anos de martírio de Dorcelina Folador, as enchentes no Brasil, a tentativa de criminalização do MST através das prisões ocorridas em São Paulo e Santa Catarina, a tragédia ocorrida com os nossos irmãos haitianos, reforçada pelo testemunho da Ir. Rosângela, secretária pessoal da Dra. Zilda Arns e sobrevivente dessa tragédia.
A Análise de Conjuntura nos convocou a assumir o Projeto Popular, como propõe a Assembleia Popular, bem como abriu os nossos olhos para a relação Fé e Vida e o compromisso responsável que nos cerca com as Eleições de 2010.
Renovamos os compromissos assumidos pelos nossos delegados no 12° Intereclesial, e sentimos mais de perto o clamor da natureza, o grito dos pobres frente ao sistema neoliberal e a crise econômica. Os Intereclesiais são expressão do que as CEBs são.
Entre nós questionamos qual é o rosto das CEBs que vivenciamos, e vimos que temos vários rostos que são conseqüências de diversas realidades sejam elas eclesiais, sociais, culturais, entre outros.
Visitamos e conhecemos lugares, como a Torre de TV, que nos apresenta o “avião” chamado Brasília, a sede da Legião da Boa Vontade, com seu templo místico e a Paróquia São João Bosco. Sentimo-nos acolhidos na visita à sede da CNBB, através de Dom Dimas Lara, Secretário Geral.
Também esteve presente entre nós os nossos irmãos Pe. Vileci, Antônio Gelmar e Dom Fernando Panico, da Diocese de Crato (CE), que nos apresentaram um histórico da região do Cariri e da vida de Pe. Cícero Romão Batista, Pe, Ibiapina e do Beato Zé Lourenço, além de outras resistências e lutas daquele povo.
Reiteramos os nossos agradecimentos ao Povo de Porto Velho, pela acolhida e disponibilidade, pela troca de experiências, pela partilha de sua vida e história, com destaque à visita missionária, a qual fora apontada como metodologia acertada para os Intereclesiais.
Anunciamos, com alegria, que no período de 23 a 27/07/2013, na Diocese de Crato, realizaremos o 13° Intereclesial, cujo tema e lema serão definidos na próxima Ampliada Nacional, que será nos dias 17 a 20/07/2010.
Na ternura e firmeza da caminhada, continuemos articulando as comunidades pelo Brasil e iniciamos a construção do 13° Intereclesial, nas terras das romarias do “Padim Ciço Romão”.
Brasília, 31 de janeiro de 2010,
30 anos de massacre dos mártires indígenas quiches, na Guatemala.

Notícias da preparação da 5ª Ampliada Nacional das CEBs - ref. ao 12º

Acontece de 28 a 31, no Instituto São Boaventura, em Brasília, a 5ª Ampliada das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). O evento acontece para fechar o cronograma de reuniões do último Intereclesial das CEBs, que aconteceu em Porto Velho (RO), de 21 a 25 de julho de 2009, e projetar o 13° Intereclesial, que acontecerá em 2013, na diocese de Crato (CE).
"A 5ª Ampliada serve para fazermos o fechamento do último Intereclesial. Nós elaboramos uma carta ao qual enviaremos a todos os bispos, com um balanço do último encontro, em Rondônia, e mostrando a importância das CEBs na base da Igreja. Nesta carta haverá a descrição das dificuldades encontradas e dos pontos positivos. Quando aprovada, repassaremos todas as informações para a próxima cidade escolhida, Juazeiro (CE). O segundo objetivo do encontro é participar do próximo tema prioritário da Assembleia dos Bispos do Brasil, que acontecerá em Brasília, de 4 a 10 de maio", afirmou o assessor do Setor CEBs da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), professor Sérgio Coltinho.
Estão presentes representantes das CEBs de todos os Regionais da CNBB, o bispo da diocese de Crato, dom Fernando Panico e o bispo referencial das CEBs, da CNBB, e da diocese de Floresta (PE), dom Adriano Ciocca.
Para dom Adriano, o 12° Intereclesial foi um marco significativo na vida das CEBs no Brasil. “Foi um grande marco, pois o apelo dos fiéis mostrou a força e a importância que as CEBs têm dentro da Igreja no Brasil. Foi significativo também ver o cuidado que houve com o tema ligado a natureza, ao meio ambiente”. O bispo de Floresta destaca ainda a segunda edição do Intereclesial no Ceará (a primeira foi o 5° Intereclesial, em Canindé, no ano de 1983). “Devemos destacar em nossos trabalhos para o próximo encontro, no Ceará, a recuperação com a religiosidade do povo; como as CEBs vivem nos meios urbanos e como estamos sendo vistos e retratados pelos jovens de hoje, sem, obviamente, deixar de lado a nossa característica, que e a missão”, ressaltou.
Já o bispo de Crato, dom Fernando Panico, lembrou o fato de o próximo evento acontecer na região do Cariri, terra do Padre Cícero. “Estamos muito entusiasmado com o fato do 13° Intereclesial das CEBs acontecer na região do Cariri. Todos os visitantes que lá estarão podem ter certeza que estaremos bem preparados para recebê-los. Em Rondônia houve um testemunho de fé muito significativo, pois muitos acreditaram, que pelo fato da distância ser muito grande, não iria conseguir mobilizar os fiéis, mas como se viu, foi algo extraordinário, uma verdadeira legião de fiéis as margens do Rio Madeira. Em Crato, será aos pés de Padre Cícero, e esperamos conseguir o mesmo resultado dos nossos irmãos portovelhenses”, destacou.

ASSEMBLEIA DE CRATO: PREPARANDO O VAGÃO PARA O 13º INTERCLESIAL

Fevereiro 2010


“Foi uma Assembleia diferente de todas as outras, faz bastante tempo em que não se via tantos animadores de Comunidades reunidas aqui na Diocese de Crato”, esse foi o empolgado comentário feito por José Batista, Membro da Equipe Diocesana de CEB’s de Crato.
Um encontro que teve a participação de mais de 70 animadores de Comunidades de toda Diocese. Na ocasião o Bispo Diocesano D. Fernando Panico, esteve presente, reafirmando o desejo de se ter uma Diocese cada vez mais de Base, coesa com os ensinamentos de “Aparecida”, efetivamente formada por Rede de Comunidades.
Na ocasião o “Se Avexe Não”, conversou com Padre Nelito, assessor da CNBB nas Pastorais Sociais, no Departamento que trata do Mutirão de Superação e Combate a Fome.
“O Ceará está de parabéns, é gostoso ver a animação desta gente que é motivada e que abraça pela segunda vez, com muita fé e vontade um Intereclesial. Em 1983 a cidade de Canidé recebia o 5º Intereclesial, que tinha o tema “Igreja, povo unido, semente de uma nova sociedade”, na quela época já era possível ver a fervorosa catolicidade Cearense. Agora, mais uma vez, os olhares dos teólogos e demais estudiosos se voltarão para o Cerá, em especial para cidade de Crato, terra de grandes nomes, e não pode ser diferente, pois o Ceará é uma Igreja que sempre puxou o carro da Igreja no Brasil, é a reserva católica do Brasil, uma catolicidade viva de piedade”, disse Pe. Nelito, que comparou a Igreja do Ceará a um fogão a lenha “Existem dois modelos de Igreja, o modelo sala de televisão, onde todos são telespectadores, de um lado a TV e do outro lado um povo calado. O segundo modelo é o fogão a lenha, onde todo mundo conversa aquecido, cria sonhos, e tem um diálogo verdadeiro entre irmãos , são irmãos que descobrem novos horizontes, construindo uma nova sociedade”.
Padre Nelito falou ainda sobre os possíveis temas do 12º Intereclesial, e disse que o momento é para sugerir, somente na 2ª reunião da Ampliada Nacional, que acontecerá em Crato, este assunto será abordado com maior definição, por enquanto apenas algumas propostas foram lançadas, dentre elas a seguinte: CEB’s Romeira a Caminho do Reino de Deus. "Outro possível tema deverá enfatizar o Urbanismo com seus desafios gritantes", ponderou Pe. Nelito.
A experiência de Magda Gonçalves, da Paróquia de Nossa Senhora do Amparo da Diocese de Porto Velho, também foi presença incisiva na Assembleia. Na ocasião ela dissertou sobre a estruturação do Intereclesial,elencando a função e os aspectos de formação das Equipes: Central, Secretariado, Equipes de serviços e outras.
O “Se avexe não” extraiu a mensagem de Magda Gonçalves, que também é Coordenadora de um Curso de Teologia para leigos em Porto Velho : “Em um Intereclesial cada um vai fazer o que mais precisa ser feito, todos os membros são importantes , é um processo de formação onde se fortalece e se cria laços de Caminhada, é uma abertura à fé e a vida, onde tudo o que se faz é em função do próximo”
No encerramento da Assembléia, logo após os encaminhamentos , os membros foram informados dos demais encontros Diocesanos de CEB’s, que estavam acontecendo simultaneamente nas Dioceses de Tianguá e Itapipoca.

Nas fotos: Acima, D. Fernando e Animadores de Comunidades, Padre Nelito e Magda Gonçalves

terça-feira, 23 de novembro de 2010

1ª Ampliada Nacional das CEBs rumo ao 13º Intereclesial





13º Intereclesial das CEBs 
Justiça e Profecia a serviço da Vida
CEBs Romeiras do Reino no Campo e na cidade

Movidos pelo espírito missionário de Pe Ibiapina, Pe. Cicero e os Beatos, Zé Lourenço e Maria Araujo no seguimento a Jesus Cristo, nós representantes de quinze regionais da CNBB, D. Adriano Ciocca Vasino, bispo referencial das CEBs na CNBB, D. Ângelo Pignoli, bispo referencial das CEBs no NE 1, D. Fernando Panico, bispo da diocese de Crato, estivemos reunidos nos dias 17 a 20 de julho na cidade do Crato ao pé da chapada do Araripe vislumbrando o grande vale do Cariri, nesse ambiente fomos calorosamente acolhidos com alegria e festa, típico do povo cearense. Sentimos a ausência dos Regionais Norte 1 e Nordeste 3.

Foram três dias fecundos de oração, reflexão, estudo e encaminhamentos de questões especificas da nossa caminhada de CEBs para conhecer o chão e horizonte onde nossas comunidades vivem, celebram e tecem os fios da vida. Analisamos a realidade sócio-política e cultural do nosso país. Acolhemos com muita alegria a mensagem ao povo de Deus sobre as CEBs, documento 92 da CNBB, fruto da 48ª assembléia da CNBB, na qual os bispos do Brasil reafirmam que as ”CEBs são sinais de vitalidade da Igreja”.

          Como romeiros e romeiras do Reino fizemos a experiência da espacialidade do romeiro de padre Cícero levando à nossa frente a certeza de que “onde o povo vai as CEBs tem que estar” nos deixando mover pela fé esperança e solidariedade. Nesse percurso conhecemos os espaços físicos de realização, do nosso 13° Intereclesial de CEBs a se realizar nos dias 23 a 27 de julho de 2013, na cidade do Juazeiro do Norte, diocese de Crato. Diocese esta que no ano de 2014 celebrará o seu centenário de criação. Conhecemos a riqueza desta igreja particular que compreende uma área de 17.000km² com 920 mil habitantes, organizada em 49 paróquias e 914 comunidades eclesiais de base 

Mensagem ao Povo de Deus - Documento 92 CNBB

MENSAGEM AO POVO DE DEUS SOBRE AS
COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE
48ª Assembléia Geral da CNB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
Introdução
"As Comunidades Eclesiais de Base", dizíamos em 1982, constituem "em nosso país, uma realidade que expressa um dos traços mais dinâmicos da vida da Igreja (...)" (Comunidades Eclesiais de Base na Igreja do Brasil, CNBB, doc. 25,1). Após a Conferência de Aparecida (2007) e o 12º Intereclesial (Porto Velho-2009), queremos oferecer a todos os nossos irmãos e irmãs uma mensagem de animação, embora breve, para a caminhada de nossas CEBs.
Queremos reafirmar que elas continuam sendo um "sinal da vitalidade da Igreja" (RM 51). Os discípulos e as discípulas de Cristo nelas se reúnem para uma atenta escuta da Palavra de Deus, para a busca de relações mais fraternas, para celebrar os mistérios cristãos em sua vida e para assumir o compromisso de transformação da sociedade. Além disso, como afirma Medellín, as comunidades de base são "o primeiro e fundamental núcleo eclesial (...), célula inicial da estrutura eclesial e foco de evangelização e, atualmente, fator primordial da promoção humana (...)" (Medellín 15). Por isso, "Como pastores, atentos à vida da Igreja em nossa sociedade, queremos olhá-las com carinho, estar à sua escuta e tentar descobrir através de sua vida, tão intimamente ligada à história do povo no qual elas estão inseridas, o caminho que se abre diante delas para o futuro". (CNBB 25,5)
Os desafios postos às CEBs hoje: a sociabilidade básica no clima cultural contemporâneo
Com as grandes mudanças que estão acontecendo no mundo inteiro e em nosso país, as CEBs enfrentam hoje novos desafios: numa sociedade globalizada e urbanizada, como viver em comunidade? Nascidas num contexto ainda em grande parte rural, serão capazes de se adaptar aos centros urbanos, que têm um ritmo de vida diferente e são caracterizados por uma realidade plural? Dentro desse contexto, há outro desafio: como transmitir às novas gerações as experiências e valores das gerações anteriores, inclusive a fé e o modo de vivê-la? Só uma Igreja com diferentes jeitos de viver a mesma Fé será capaz de dialogar relevantemente com a sociedade contemporânea.
O século XX foi, sem dúvida, o século da globalização. Suas consequências para a vida cotidiana são tantas que hoje se fala que o mundo vive não mais uma época de mudanças, mas "uma mudança de época, cujo nível mais profundo é o cultural" (DAp 44). De fato, "a ciência e a técnica quando colocadas exclusivamente a serviço do mercado (...) criam uma nova visão da realidade" (DAp 45), mas isso não significa um passo em direção ao desenvolvimento integral proposto pela encíclica Populorum progressio e reafirmado pelo Papa Bento XVI em Caritas in Veritate, porque a lógica do mercado corrói a estrutura de sociabilidade básica que se expressa nas relações de tipo comunitário. À medida que ele avança, expulsa as relações de cooperação e solidariedade e introduz relações de competição nas quais o mais forte é quem leva vantagem.
Desta forma, é preciso valorizar as experiências de sociabilidade básica: as relações fundadas na gratuidade que se expressa na dinâmica de oferecer-receber-retribuir. O cultivo da reciprocidade tem como espaço primeiro aquele onde a vizinhança territorial é importante para a vida cotidiana, como em áreas rurais, bairros de periferia e favelas. É a solidariedade entre vizinhos - melhor dizendo, entre vizinhas - que assegura o cuidado com crianças, idosos e doentes, por exemplo. Não por acaso, esses espaços periféricos favorecem o desenvolvimento de associações de vizinhança e movimentos que reivindicam melhorias de equipamento urbano, bem como das próprias Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). São as relações de reciprocidade que, promovendo a solidariedade que é a força dos pobres e pequenos, permite que se diga que "gente simples, fazendo coisas pequenas, em lugares pouco importantes, consegue mudanças extraordinárias".
O percurso histórico das CEBs no Brasil
A experiência das CEBs não surgiu de um planejamento prévio, mas de um impulso renovador, como um sopro do Espírito, já presente na Igreja no Brasil. Esse impulso renovador se manifesta de forma crescente nos anos 50 e 60 do século 20. Na verdade, os tempos se tornaram maduros para uma nova consciência histórica e eclesial: primeiro, pela emergência de um novo sujeito social na sociedade brasileira, o sujeito popular, que ansiava à participação; segundo, pela emergência de um novo sujeito eclesial, portador de uma nova consciência na Igreja. Ele ansiava participar ativa e corresponsavelmente da vida e da missão da Igreja. Esse sujeito provoca novas descobertas e conversões pastorais (CNBB 25,7).
Nelas se revigoravam ou restauravam as relações de reciprocidade, de modo a favorecer a reconstrução das estruturas da vida cotidiana, do mundo da vida, em um contexto social adverso. A interação entre a CEB enquanto organismo eclesial e a comunidade local de vizinhos é uma das grandes contribuições da Igreja à conquista dos direitos de cidadania em nosso País. Ao acolher pastoralmente a população rural ou migrante em capelas e salões improvisados nos quais elas se sentissem "em casa", a Igreja lhes ofereceu uma possibilidade de organizar-se autonomamente, quando as empresas e os poderes públicos só viam nela o potencial de mão-de-obra a ser empregada no processo de industrialização.
A experiência dos Intereclesiais
Os Encontros Intereclesiais das CEBs são patrimônio teológico e pastoral da Igreja no Brasil. Desde a realização do primeiro, em 1975 (Vitória - ES), reúnem diversas dioceses para troca de experiência e reflexão teológica e pastoral acerca da caminhada das CEBs. Foram doze encontros nacionais, diversos encontros de preparação em várias instâncias (paróquias, dioceses, regionais) e, desde a realização do 8º Intereclesial ocorrido em Santa Maria - RS (1992), são realizados seminários de preparação e aprofundamento dos temas ligados ao encontro.
Manifestação visível da eclesialidade das CEBs, os Encontros Intereclesiais congregam bispos, religiosos e religiosas, presbíteros, assessores e assessoras, animadores e animadoras de comunidades, bem como convidados de outras igrejas cristãs e tradições religiosas. Neles se expressa a comunhão entre os fiéis e seus pastores.
Espiritualidade e vivência eucarística
"O Concílio Vaticano II, eminentemente pastoral, provocou um grande impacto na Igreja. Suas grandes idéias-chaves trouxeram a fundamentação teológica para a intuição, já sentida na prática, de que a renovação pastoral deve se fazer a partir da renovação da vida comunitária e de que a comunidade deve se tornar instrumento de evangelização". (CNBB 25,11)
A exigência do Vaticano II é de razão estritamente teológica, de ordem trinitária. A essência íntima de Deus não é a solidão, mas a comunhão de três divinas Pessoas. A comunhão - koinonia, communio - constitui a realidade e a categoria fundamental que permeia todos os seres e que melhor traduz a presença do Deus-Trindade no mundo. É a comunhão que faz a Igreja ser "comunidade de fiéis". Por isso, o Vaticano II faz derivar a união do Povo de Deus da unidade que vigora entre as três divinas Pessoas (LG 4).
A Trindade nos coloca, desde o início, no coração do mistério de comunhão. O Papa João Paulo II, falando aos bispos em Puebla, em 28 de janeiro de 1979, proclamou: "Nosso Deus em seu mistério mais íntimo não é uma solidão, mas uma família... e a essência da família é o amor". A comunhão e a comunidade devem estar presentes em todas as manifestações humanas e em todas as concretizações eclesiais.
Por isso mesmo, a Eucaristia está no centro da vida de nossas comunidades de base. É o sacramento que expressa comunhão e participação de todos e todas, como numa grande família, ao redor da Mesa do Pai. Há comunidades que recebem a comunhão eucarística graças a presença do Santíssimo no local ou pelo serviço de um ministro extraordinário da sagrada comunhão. Como nossas CEBs, em sua maioria, "não têm oportunidade de participar da Eucaristia dominical", por falta de ministros ordenados, "elas podem alimentar seu já admirável espírito missionário participando da ‘celebração dominical da Palavra’, que faz presente o mistério pascal no amor que congrega (cf. 1 Jo 3, 14), na Palavra acolhida (cf. Jo 5, 24-25) e na oração comunitária (cf. Mt 18,20)" (DAp 253). 
A realidade das CEBs se expressa na liturgia e também na diaconia e na profecia. A diaconia educa, cura as feridas, multiplica e distribui o pão e chama para a solidariedade e a comunhão. A profecia anuncia o desígnio de Deus e denuncia os abusos, a mentira, a injustiça, a exploração e exige a conversão. Por isso, sofre perseguição, difamação, morte.
Temos duas testemunhas recentes desse duplo ministério dos discípulos e discípulas de Jesus Cristo: Dra. Zilda Arns e Irmã Dorothy Stang. Há muito conhecidas por nossas comunidades pobres pelo Brasil afora, elas inspiraram a ação das CEBs. Elas entregaram a vida e nos deixaram seu testemunho de fé e amor aos pobres, fracos, desamparados e discriminados.
Esta espiritualidade também possibilitou a produção de uma rica manifestação artística em nossas comunidades - músicas, poesias, pinturas, símbolos - típicos da prática religiosa e cultural de nosso povo, e que também são instrumentos de evangelização e de missão.
Vivência e Anúncio da Palavra de Deus e o Testemunho de fé
"A Palavra se fez carne e habitou entre nós" (Jo 1, 14). A acolhida da Palavra de Deus e a vivência comunitária da fé são indissociáveis nas CEBs. A Bíblia faz parte do dia-a-dia da comunidade, estando presente nos grupos e pastorais, nas liturgias e na formação, na reza e nas ações que visam superar as desigualdades e injustiças da sociedade brasileira.
São espaços privilegiados de leitura bíblica nas CEBs os círculos bíblicos e grupos de reflexão. Neles o povo se coloca como sujeito eclesial, assume seu lugar na comunidade e na sociedade. O protagonismo dos leigos nas CEBs é expressão viva de uma Igreja que se renova animada pelo Espírito Santo, é também um sinal de que no discipulado estão surgindo novos ministérios e serviços.
"O ministério da Palavra exige o ministério da catequese a todos porque ‘fortalece a conversão inicial e permite que os discípulos missionários possam perseverar na vida cristã e na missão em meio ao mundo que os desafia’" (DGAE 64; DAp 278c). A vida em comunidade já é uma forma de catequese. Ela predispõe para o aprofundamento da fé e da vida cristã por meio do ministério da catequese e também pelo testemunho fraterno de seus membros.
Solidariedade e serviço
Alimentadas pela Palavra de Deus e pela vivência de comunhão, as CEBs promovem solidariedade e serviço. Reunindo pessoas humildes, as CEBs ajudam a Igreja a estar mais comprometida com a vida e o sofrimento dos pobres, como fez Jesus. Elas manifestam, mais claramente, que "o serviço dos pobres é medida privilegiada, embora não exclusiva, do seguimento de Cristo" (DP 1145).
Mais ainda, o surgimento das CEBs, junto com o compromisso com os mais necessitados, ajudou a Igreja a "descobrir o potencial evangelizador dos pobres", primeiro, porque interpelam a Igreja, chamando-a à conversão; segundo, porque "realizam em sua vida os valores evangélicos da solidariedade, serviço, simplicidade e disponibilidade para acolher o dom de Deus" (DP 1147). As vocações religiosas e sacerdotais despertadas pelas CEBs sinalizam vitalidade espiritual, comunhão eclesial e um novo estímulo de consagração a Deus.
A formação dos discípulos missionários
Na sua experiência já amadurecida, as CEBs querem ser Igreja como o Concílio Vaticano II desejou: uma Igreja toda ministerial a serviço do Reino de Deus. A formação do discípulo missionário começa dentro delas pela experiência de um encontro feliz e alegre com a pessoa de Jesus, sua vida e seu destino. Como Jesus convocou discípulos e discípulas para estarem com ele, do mesmo modo, ele convoca também hoje discípulos e discípulas para estarem com ele e dele aprenderem o amor ao Pai, a fidelidade ao Espírito e o compromisso para a transformação do mundo em mundo de irmãos e irmãs.
Por sua capacidade de cuidar da formação da própria comunidade e de olhar, com compaixão, a realidade, as CEBs podem e devem ser cada vez mais escolas que ajudam "a formar cristãos comprometidos com sua fé; discípulos e missionários do Senhor, como o testemunha a entrega generosa, até derramar o sangue, de muitos de seus membros" (DAp 178).
A participação nos movimentos sociais, de cidadania, de defesa do meio ambiente em vista da construção do Reino de Deus
No que diz respeito à relação das CEBs com a dimensão sociopolítica da evangelização, o Sínodo sobre A Justiça no Mundo, de 1971, já tinha afirmado que "a ação pela justiça e a participação na transformação do mundo nos aparecem claramente como uma dimensão constitutiva da pregação do Evangelho, isto é, da missão da Igreja pela redenção do gênero humano e a libertação de toda situação de opressão" (introd.). Em vista disso, a Igreja no Brasil exorta as CEBs e demais comunidades eclesiais a se manterem fiéis à própria fé, no conteúdo e nos métodos, na busca da libertação plena, superando a tentação "de reduzir a missão da Igreja às dimensões de um projeto puramente temporal" (CNBB 25,64ss; Cf. EN 32).
Em relação à aproximação das CEBs com os movimentos populares na luta pela justiça, o documento 25 da CNBB afirmava que elas "não podem arrogar-se o monopólio do Reino de Deus". Na verdade, a CEB deve tomar consciência de que, "como Igreja, é sinal e instrumento do Reino, é aquela pequena porção do povo de Deus onde a Palavra de Deus é acolhida e celebrada nos sacramentos ... sobretudo na Eucaristia" (70ss). As CEBs buscam, sim, a "colaboração fraterna com pessoas e grupos que lutam pelos mesmos valores" (73).
As CEBs têm despertado em muitos dos seus membros a espiritualidade do cuidado para com a vida dos seres humanos, de todas as formas de vida e a vida do Planeta Terra. A espiritualidade do cuidado tem motivado o surgimento de gestos e atitudes éticas de respeito, de veneração, de ternura, de cooperação solidária, de parceria, que promovam a inclusão de todos e de tudo no mistério da vida.
As CEBs promovem a participação ativa de seus membros nos grupos de economia popular solidária, resgatando o sentido originário da economia como a atividade destinada a garantir a base material da vida pessoal, familiar, social e espiritual. Contribui assim para que o trabalho humano, além de ser o lugar de edificação da dignidade humana e promoção da justiça social, seja também responsável pela promoção do desenvolvimento sustentável.
Espírito de abertura ecumênica e diálogo interreligioso
Uma das dimensões da espiritualidade cultivadas pelas CEBs é a do diálogo ecumênico e interreligioso, que se dá pela abertura ao mundo do outro, promovendo a unidade na diversidade e buscando as semelhanças na diferença.  Esta espiritualidade dialogal tem sido assumida pelas CEBs como uma missão de fraternidade cristã, numa atitude de profundo respeito às demais manifestações religiosas, em busca da comunhão universal.  Essa espiritualidade nasce do desejo expresso por Jesus: "Que todos sejam um!" (Jo 17,21)
Formação de rede de comunidades
Os membros das CEBs são discípulos de Cristo e ajudam a formar outras comunidades. Em meio a grandes extensões geográficas e populacionais, a comunidade eclesial de base requer que as relações sejam de fraternidade, partilha de vida, de bens e da própria experiência de fé. Ela deve provocar um encontro permanente com a Palavra de Deus e celebrar na liturgia, na alegria e na festa, a salvação que Jesus Cristo nos trouxe.
A experiência da fé e da participação faz amadurecer a comunidade eclesial de base, e lhe confere características próprias de modo a levá-la a um relacionamento fraterno de igualdade com as demais comunidades pertencentes à mesma paróquia. Com isso, a matriz-paroquial ganha maior relevância pastoral na medida em que passa a exercer a função de articuladora das comunidades.
Exortamos que a paróquia procure se transformar em "rede de comunidades e grupos, capazes de se articular conseguindo que seus membros se sintam realmente discípulos missionários de Jesus Cristo em comunhão" (DAp 172), tendo por modelo as primeiras comunidades cristãs retratadas nos Atos dos Apóstolos (At 2 e 4). Assim, a paróquia será mais viva, junto com suas comunidades, coordenadas por leigos ou leigas, por diáconos permanentes, animadas por religiosos e religiosas, e que tenham no Conselho Pastoral Paroquial, presidido pelo pároco, seu principal articulador pastoral.
Conclusão
Em comunhão com outras células vivas da Igreja, comunidades de discípulos e discípulas geradas pelo encontro com Jesus Cristo, Palavra feito carne (cf. Jo 1,14), como são os movimentos, as novas comunidades, as pequenas comunidades, que integram a rede de comunidades que a paróquia é chamada a ser, reafirmamos aqui o que está escrito no Documento 25 da CNBB: "Ao concluir estas reflexões, desejamos agradecer a Deus pelo dom que as CEBs são para a vida da Igreja no Brasil, pela união existente entre os nossos irmãos e seus pastores, e pela esperança de que este novo modo de ser Igreja vá se tornando sempre mais fermento de renovação em nossa sociedade". (94)
Brasília-DF, 12 de maio de 2010