terça-feira, 21 de dezembro de 2010

3º Seminário da Comissão para o Laicato

PROTAGONISMO, PAPEL E DEVERES DO LEIGO , SÃO TEMAS DE DESTAQUE NO 3º SEMINÁRIO DA COMISSÃO PARA O LAICATO

novembro 2010 

 















“A discussão central do 3º Seminário da Comissão Episcopal para o Laicato da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é a tradução de quem é o corpo da Igreja”. Foi o que disse o assessor do encontro, padre Oscar Beozzo, em entrevista a assessoria de imprensa da CNBB.

Para ele, o protagonismo do leigo é um foco da Igreja que deve se consolidar. “Antigamente se pensava o corpo da Igreja apenas sendo os padres e bispos, mas isso mudou desde o Concílio Vaticano II e hoje devemos ter isso bem presente, pois o leigo tem seu protagonismo e seu lugar na Igreja”, disse o estudioso dos documentos do Concílio Vaticano II.

Durante sua intervenção na tarde deste primeiro dia do Seminário, padre Beozzo também destacou a caminhada do Concílio Vaticano II até os dias de hoje e seus desdobramentos, como o surgimento das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) três anos após o Concílio, em Medellin e a responsabilidade da Igreja no mundo. “A Igreja tem seu papel social e não podemos dispensar isso. Não podemos ser indiferentes às guerras, à fome, às injustiças. A Igreja existe para o bem da humanidade, não para si. Essa preocupação é parte da responsabilidade da Igreja”, sublinhou o sacerdote.

O bispo prelado emérito de Tefé (AM), dom Mário Clemente, vê o encontro como oportunidade de reforçar o protagonismo do leigo na Igreja. Ele afirma que o leigo já tem um papel significativo, mas que precisa de mais espaço para ampliá-lo. “No Brasil tem crescido bastante a participação do leigo nos conselhos das dioceses, paróquias. Em todos os níveis nós temos sentido essa participação nas decisões, nos ministérios. Mas precisa crescer ainda mais, inclusive há muitos temas que são os leigos que podem contribuir”, disse o bispo.

O presidente do Setor Leigos e bispo da diocese de Registro (SP), dom José Luiz Bertanha, também destacou o protagonismo do leigo e disse ele é indispensável para o êxito da evangelização da Igreja. “A Igreja não vai conseguir evangelizar sem a presença do leigo. Ela evangeliza contanto com a sua presença. Sempre contamos com a presença do leigo, seja na liturgia, na catequese, pois ele exerce a sua vocação e a sua missão em duas direções: uma do coração da Igreja para o mundo e a outra é do coração do mundo para dentro da Igreja”.

Ainda segundo dom Luiz Bertanha, a formação é o caminho para o protagonismo. “Temos que dar oportunidade do leigo descobrir a sua vocação, ser protagonista da evangelização e para isso ele precisa de uma formação sólida, permanente, integral, para poder exercer essas duas direções, uma completando a outra. O trabalho do leigo dentro da Igreja e dentro do mundo secular: na política, na comunicação, o mundo da família e assim por diante”, completou.

“Autonomia, definição de responsabilidades, direitos e deveres”. Esses são alguns dos pontos que precisam ficar claros para que o leigo tenha um papel definido na Igreja e para que ele exerça seu papel sem dependências, segundo o bispo da diocese de Jardim (MS), dom Jorge Alves Bezerra. “Eu percebo que o ministério ordenado na Igreja tem muito bem definido as suas responsabilidades, direitos e deveres na Igreja, mas o leigo que tem o sacerdócio comum, não me parece ser bem definido.

O leigo não têm definidos os trabalhos na Igreja e as responsabilidades que devem ser assumidas. Tudo isso precisa ser bem trabalhado para que ele não fique na dependência do padre sem autonomia.

É preciso que ele esteja em profunda comunhão sempre porque todos somos a Igreja corpo de Cristo”, acentuou o bispo. Dom Jorge acredita que o Seminário é a oportunidade de esclarecer o papel do leigo na Igreja. “Minha expectativa é que nesse encontro possamos conhecer melhor qual é a missão do leigo na Igreja. O seu trabalho específico de ser fermento, sal e luz na comunidade”.

Neste Seminário da Comissão para o Laicato no Brasil, estão presentes os membros das cinco grandes regiões do Brasil :
José Batista, Secretariado do 13º Intereclesial - CE, Leila - Minas Gerais, Francisca Rocha -Terezina PI, Lorena -Paraná, Magda-Rondônia, Leicy - Mato Grosso do Sul e o Bispo referencial das CEBs, Dom Adriano.

Informações a dicionais em negrito por: José Batista, do Secretariado do 13º IntereclesiaL

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Memória: Tributo ao cantor e compositor Zé Martins

Canta comigo. Cante esta canção, pois cantando sonharemos juntos pra fazer o mundo mais irmão... Eu quero acreditar na vida, ver o sol em cada amanhecer, ter no rosto um sorriso amigo, acreditar que o sonho é pra valer.” (Música “Eu quero acreditar”, de Zé Martins)
Quem tem assim um pai apaixonado não fica só nem termina abandonado...” (Música “Pai Apaixonado”, de Zé Martins)
Liberdade vem e canta e saúda este novo sol que vem. Canta com alegria o escondido amor que no peito tens. Mira o céu azul, abraço aberto pra te acolher.” (Música “Liberdade”, de Zé Martins).
Olha o reino de Deus chegando, ele já está aqui, é o amor se concretizando, fazendo o povo feliz...” (Música “Tempo de Deus”, de Zé Martins).

José Martins de Paula – o nosso cantor e compositor mineiro Zé Martins – morreu e ressuscitou, aos 49 anos, na noite do dia 16 de outubro de 2009, em Pouso Alegre, MG, onde foi sepultado. Mesmo tendo uma Tuberculose Cerebral em 2002, que foi vencida com muita garra, conseguiu realizar vários projetos e sonhos, como: ingressar na faculdade de Direito, coordenar a equipe de Canto do 11º Intereclesial das CEBs, em Ipatinga, MG, em julho de 2005; assessorar brilhantemente a Equipe de Canto do 12º Intereclesial das CEBs, em Porto Velho, RO, em julho de 2009; e Viver, simplesmente viver e conviver ...
Nos últimos três dias de vida, foi acometido por uma infecção generalizada que o levou precocemente para a eternidade. Em 24 de março de 1960, nascia Zé Martins em São João do Manteninha, MG. Filho de Alício, um alfaiate e de Esmeralda, uma costureira, era o mais velho em uma família de 10 filhos. Casado há 17 anos com Ângela Garcia de Carvalho com quem teve duas filhas: Betânea (13 anos) e Beatriz (16 anos). A essas Zé Martins somava mais uma, Bárbara, filha de Ângela, do primeiro casamento dela, considerada uma filha e que lhe deu o
único neto que conheceu em vida, João Gabriel, “alegria de sua vida”, filho de Bárbara e Emerson.
Zé Martins era um apaixonado com a vida; tinha uma vontade enorme de viver. Superou muitas dificuldades” sussurra Ângela, entre lágrimas.
Além de compositor de aproximadamente 1200 músicas religiosas, Zé Martins foi religioso jesuíta, estudou filosofia e teologia. Estava cursando Direito (6º período) e dizia-se decidido a se tornar um juiz de direito. Sempre muito ligado às CEBs integrava a equipe de articulação das CEBs mineiras. Tinha laços estreitos com as Pastorais da Juventude do Brasil.
Zé Martins foi o editor de 49 edições da Revista de Canto Pastoral EM CANTAR[1], que tem como objetivo apresentar canções de cantores e compositores das Comunidades cristãs para evangelizar através da música.
Zé Martins participou do Grupo MARCA – Movimento de Artistas da Caminhada -, cultivando grande amizade com os cantores Zé Vicente, Padre Zezinho, Irmã Sílvia, Socorro Lira, Vera Lúcia, Babi Fonteles, Roberto Malvezzi (Gogó), João Bento e muitos outros.
Gravou três CDs pelas Edições Paulinas-COMEP (38 músicas):
1) Certezas (1994); 2) Seguindo (1999); 3) Pra festa jamais acabar (2002).
Criou com Ângela (grande parceira dele) o CENOR – Centro Oscar Romerowww.estudiocenor.com.br – pelo qual gravou os seguintes CDs: a) Maria Mãe (Cantos de Nossa Senhora); b) Eu Digo Sim (Cantos Vocacionais); c) Jesus é o Presente (Missa de 1ª Eucaristia); d) Jesus, Deus Conosco (Cantos para celebrar o Natal).
Zé Martins lançou também três coleções de CDs com livrinhos de cantos: 1) Missas e salmos do Tempo Comum; 2) Missas especiais (do Coração de Jesus, Missa Vocacional, Missa da Bíblia, Missa do Crisma); 3) Cantos para Quaresma, Semana Santa e Páscoa. Ele estava preparando novas coleções de músicas.
De 26 a 29 de julho de 2007, Zé Martins havia ajudado na assessoria do 5º Encontro Mineiro das CEBs, em Uberlândia, MG, que teve como tema “CEBs, ECOLOGIA E MISSÃO” e como lema “na construção de uma sociedade sustentável a serviço da vida.” Naquele encontro, Zé Martins foi a liderança na coordenação da animação, sempre incentivando os novos cantores e artistas. Nunca quis brilhar sozinho. Deve-se divulgar que no final do encontro, no momento de avaliação, ao percebermos que tínhamos ficado com dívidas, foi o primeiro a repassar todo o dinheiro que ele tinha conseguido com a venda de seus CDs para ajudar no pagamento das despesas do encontro. Nunca se preocupou em acumular riquezas.
Zé Martins revelou também o grande compromisso e paixão que o movia no apoio à APAC – Associação de Proteção e Amparo aos Condenados - de Pouso Alegre, dedicando-se a esse projeto de todo o coração. Acreditava no ser humano.
O compositor e cantor João Bento, primo de Zé Martins, agradece ao Zé Martins pela publicação de quase 100 canções de sua autoria na Revista EM CANTAR e nos recorda: “Zé Martins foi um autêntico cristão, militante, pois, ainda jovem, foi até preso na defesa dos ideais de libertação. Foi um evangelizador libertador. Um sonhador que colocou quase todos seus ideais em prática. Um filho amoroso, um esposo companheiro, um pai muito apaixonado. Era também um humorista, gostava de contar “causos” e piadas. Uma pessoa bem-humorada.”
Elisiê, irmã caçula de Zé Martins, diz: “Perdi mais que um irmão, perdi também um pai, um amigo. O Zé, por ser o mais velho, virou nosso patriarca depois que nosso pai faleceu e mesmo morando em outra cidade, era sempre presente.”
Zé Martins gostava de definir as CEBs assim: “As CEBs são um nível eclesial fundamental onde os batizados vêem sua fé de modo comunitário, profético e missionário numa opção preferencial pelos pobres denunciando o sistema capitalista e animando a todos para a construção de uma sociedade orientada pela utopia do Reino de Deus”.
Obrigado Zé Martins! Partilhando vida em plenitude – vida eterna e terna -, ao lado de Irmã Dorothy, Dom Hélder, Dom Luciano, Dom Oscar Romero e “144 mil”, você continuará muito vivo em nós, no nosso meio, mesmo na ausência física. Tentaremos vivenciar os valores tão nobres que você testemunhou ao longo dos seus bem vividos 49 anos.
Cantaremos com você pra fazermos um mundo mais irmão!
No link, abaixo, Homenagem das CEBs de São José dos Campos a Zé Martins:
Contato com a família pode ser através de Elisiê Martins de Paula, pelo e-mail: elisiemartins@ymail.com
Frei Gilvander Moreira

CEBs:- Sacolinhas plasticas??? Nunca mais!






Como gesto concreto do 12º Intereclesial, começamos ampla conscientização para não utilização de sacolas plásticas, pois:
1. Sacolinhas de plásticos tradicionais são feitas de petróleo, recurso não renovável e cuja exploração e refino trazem danos ao meio ambiente; às vezes, em proporções catastróficas, como os derramamentos de óleo que destroem a fauna e a flora em largas extensões.
2. Sacolinhas de plástico, descartadas, demoram cerca de 500 anos até serem decompostos pela ação da natureza. Enquanto isso, se acumulam em bueiros contribuindo para as enchentes em áreas urbanas, enchendo os aterros e poluindo os cursos d'água. Além disso, matam animais por sufocamento.
3. Sacolas plásticas não embalam somente nossas compras; descartadas incorretamente, embrulham lixo que poderia se decompor muito mais rapidamente em contato direto com o ambiente.
Na Novena de Natal de 2009, todas(os) animadoras(es) decoraram sacolas de tecido, algodão cru, com bordados e ou pinturas, para sorteio à assembleia, na celebração de ação de graças pela novena.
Nas missas organizadas pelas CEBs, promovemos sorteio de sacolas de tecido, nas quais colocamos material de evangelização: livreto das CEBs, Informativo La Vem o Trem das CEBs, Revista Missões, etc . É um momento de conscientização à assembleia para utilização de artigos que não agridam o meio ambiente. 

Eva Modesto de Sousa Ferreira da Silva
Coordenadora CEBs Paroquia Nossa Senhora de Guadalupe

sábado, 18 de dezembro de 2010

CEBs Nicaragua: CONTEXTO VITAL Y ORIGEN DE LOS PROYECTOS SOCIALES CEBs

CONTEXTO VITAL Y ORIGEN DE LOS PROYECTOS SOCIALES CEBs



En Nicaragua a comienzos de 1990 nos alegramos con la Paz que habíamos conquistado después de una guerra tan cruel e injusta que nos fue impuesta por el Imperio. Guerra de larga duración-10 años.

Guerra de mal llamada baja intensidad que costó más de 70 mil muertos y al menos 14 mil discapacitados.
Guerra de desgaste que desgastó y destrozó nuestra economía, gran parte nuestra red social y con muy duros efectos en la psicología de nuestra población. Parecía que se terminaba la violencia de la guerra y llegaba la paz.

Pero pronto descubrimos que empezaba Otra Guerra, distinta, pero verdadera guerra. Había un nuevo gobierno, mal llamado Liberal, que no nos liberaba, sino que oprimía más.

Pronto descubrimos como una catarata de males que había más hambre que en el tiempo de la guerra, que el desempleo iba creciendo, que los hospitales estaban desabastecidos y que había que pagar casi todo.

Vimos como iba creciendo la ola del contraste brutal entre esa extrema pobreza y el derroche y la riqueza sin medida: Grandes Hoteles 5 Estrellas, multitud de Restoranes elegantes, Residencias de de superlujo junto a las “casitas” colgadas a la orilla de a los cauces. Los megasalarios insultantes contrastaban con la inmensa mayoría de salarios que no cubren ni la mitad de la canasta básica.

Vino un nuevo gobierno-neoliberal, y esos males se agudizaron y se hicieron más crueles con la Corrupción e impunidad sin medida, mientras proseguía creciendo la desigualdad. Muchos políticos se pasaban la vida, su cómoda vida, discutiendo cómo se repartían el pastel del dinero-cargos-privilegios.

Después vino otro gobierno el de la nueva Era- que para los Pobres no tuvo nada de nueva, buena nueva. A los males anteriores se añadió la privatización y el costo más alto de los servicios básicos-agua, luz, teléfono… y muchas promesas, vanas promesas.

Así como otra catarata fueron apareciendo cada vez más Niñas y Niños desnutridos- a los que más golpea la pobreza, Mamás angustiadas por no tener comida para sus Niños. Los semáforos se poblaron de Niñas-Niños y Adolescentes que luchaban por la vida pidiendo reales, limpiando parabrisas, vendiendo agua helada… mientras abandonaban la Escuela y entraban a la violencia de la calle.

En un mundo violento y sin educación y con desintegración familiar, se fue multiplicando el fenómeno de las Madres Adolescentes, muchas de ellas solteras que tienen que enfrentar la vida. En esa lucha por la subsistencia al anochecer también las grandes avenidas, se fueron poblando de Niñas, Jóvenes, Adultas y aun Abuelas sometidas a la prostitución para mantener a su familia.

Cerca de ellas y entre las Niñas Trabajadoras de la calle o en hogares rotos por la violencia, descubrimos cada vez adolescentes en riesgo grave e inmediato de caer en las redes de la explotación sexual, de la vagancia y de otros males semejantes.

Ante esta situación tan cruel e inhumana las CEBs, no podíamos permanecer indiferentes, ni contentarnos con lamentarnos y simplemente decir: “pobrecita gente”. Nosotras las CEB somos grupos cristianos comprometidos, grupos del Pueblo sencillo que queremos seguir fielmente a Jesús y su Mensaje Liberador.

Queremos ser mensajeros de la Buena Noticia para los Pobres y Liberación para los Oprimidos. 
 Nuestra Respuesta,  ahora? Qué nos toca hacer? Cómo responder al Grito, al clamor de nuestro Pueblo?

Caminamos en nuestras Comunidades como pequeños Núcleos de Oración, de Reflexión Bíblica encarnada, Compromiso y Fraternidad Solidaria con nuestro Pueblo. También denunciamos la Injusticia. Pero junto con ello, fueron brotando de nuestras entrañas, de lo más hondo de nuestro corazón, los Proyectos Sociales por la Vida.

Proyectos que han caminado estos 20 años con dos pies y un corazón. Un pié es el trabajo y la entrega de gente de nuestro mismo Pueblo que lucha cada día en los Proyectos.

El otro pié es la Solidaridad de hermanas y hermanos de otros países que nos han aportado su apoyo solidario económico y profesional.

El corazón que nos une, es el Amor apasionado a nuestro Pueblo y una Esperanza inquebrantable que llena nuestra vida. Más allá de discursos con estos pequeños hechos- unidos a otros muchos proyectos realizados por otras personas de buena voluntad- hemos querido desde nuestra Fe servir a nuestro Pueblo y mantener viva la Esperanza.

Así, partir de 1990 han ido naciendo del seno de nuestras CEBs nuestros 6 Proyectos Sociales por la Vida:
- (1) Olla Común para Niñas y Niños desnutridos
- (2) Natras. Niñas-Niños y Adolescentes Trabajadores en la calle
- (3) Madres Adolescentes
- (4) Samaritanas-con Mujeres en situación de Prostitución, y en contra de la mal llamada prostitución infantil cuyo verdadero nombre es Explotación sexual comercial infantil.
- (5) Casa Hogar para adolescentes en situación muy crítica y en riesgo grave e inmediato de caer en la explotación sexual o en el abuso o violación.
- A estos proyectos se añade una pequeña Escuela Técnica donde se da una beca a los miembros de los Proyectos. Allí pueden estudiar Belleza, Repostería, Computación y Costura. No se trata simplemente de que tengan una Beca sino ayudar a que cambien sus condiciones de vida.

ALGUNOS RASGOS DE LOS PROYECTOS SOCIALES POR LA VIDA (por cuestión de espacio solo nos referimos a dos Proyectos).
A) Proyecto Olla Común CEBs Al terminar la guerra de la contrarrevolución, en 1990, ante un país devastado nos preguntamos A: quién afecta más la pobreza y extrema pobreza?

 La respuesta era muy clara a las Niñas y Niños pequeños de 0 a 6 años, pues no tienen defensas y se pueden morir de un sarampión o de una gripa fuerte, y sus dendritas no se van a desarrollar y van a quedar “tontitos” para toda la vida. Sus huesos no tendrán consistencia etc…Y dónde comienza su desnutrición? En sus mamás embarazadas o lactantes también desnutridas. Nosotros teníamos unos comedores de Soya en plan de educación nutricional. Esos comedores estaban abiertos a toda la gente cercana a donde teníamos algunas CEBs.

Decidimos transformarlos en bien de los Niños desnutridos y sus mamás. Lo primero fue plantearlo a nuestras CEBs y ver qué personas estaban dispuestas a capacitarse y a trabajar voluntariamente 4 o 5 horas diarias de lunes a viernes. No podíamos comenzar con las mamás de los Niños-as desnutridas pues están igual o peor que sus hijos y además tienen que luchar por la sobrevivencia de sus demás hijos.

Otro obstáculo era cambiar el patrón cultural alimenticio, que ni conocía la soya (rica en proteínas), ni solían dar verduras a sus hijos, Comenzamos sin local propio en cuartitos prestados para bodega o para cocinar y en algún lote baldío para comer. Con el pasar de los años hemos ido construyendo locales adecuados, y esto por higiene, por seguridad y para un mejor funcionamiento. Desde un principio rechazamos llamarles “Comedores”, pues uno va a comer y se va.

Tomando el nombre de una experiencia peruana, de una Olla Común en los barrios más pobres, le llamamos Olla Común CEBs. Llegamos a tener 12 Ollas donde comían una vez al día casi 1000 personas entre Niños y Mamás.

Y todo esto fue posible realizarlo porque llegamos a tener 150 personas trabajando voluntariamente junto a un mini equipo de planta. Y ha habido personas de las CEBs que han trabajado 14 y 15 años como voluntarias hasta que su salud o edad se lo impidieron. Ellas son un testimonio vivo del Evangelio y del amor de Jesús a la Niñez más desvalida. El Proyecto tiene 3 Componentes:
a) El Nutricional a base de Soya, pero con todos los grupos de alimentos;
b) El Educativo con la estimulación temprana y preescolar comunitario para Niñas y Niños, y capacitación en salud, higiene, hábitos alimenticios, cocina para las mamás, junto con temas claves como la autoestima, la violencia intrafamiliar, sus derechos etc. Con ellas hemos visto en especial el tema de la Mujer en la Biblia;
c) El organizacional. Cada Olla funciona en base a Comisiones: Cocina, Bodega, Nutrición, Visita a las familias, Junta directiva etc. Un símbolo de los frutos claves de este Proyecto, son las Adolescentes que estuvieron a punto de morir, y hoy están en la Preparatoria o que al cumplir sus 15 años, dicen yo soy hija también de la soya. Otro símbolo fuerte son mamás antes pasivas ante la violencia familiar y que ahora no se dejan golpear, y son activas en el bien de su barrio. Otro símbolo muy importante son tantas mujeres y unos pocos varones que por más de 10 años han trabajado diaria voluntariamente en las Ollas como Isabelita, Juanita, McNally, Tomasita. Ellas son testimonio vivo y alegre del espíritu y compromiso de nuestras CEBs.

B) PROYECTO SAMARITANAS CON MUJERES EN SITUACIÓN DE PROSTITUCION
De día las calles se poblaron de Niños en los semáforos, de noche las principales avenidas se fueron poblando de Mujeres de todas las edades que ofrendaban su cuerpo por dinero para sobrevivir, para sostener a su familia. La primera Niña que contacté a los 14 años mantenía a su propio hijito, a su mamá y tres hermanitas y como después vi con indignación, a su padrastro. Allí donde están son vistas con curiosidad con morbo. Hay jóvenes que pasan, las filman para divertirse o les agreden echando agua y aun huevos. Muchos farisaicamente las tachan de pecadoras, y con desprecio las llaman prostitutas.

Ante esa realidad, igual que con los Niños trabajadores de la calle, en las CEBs nos hicimos la pregunta Cómo podemos ser la Buena Noticia de Jesús para estas Mujeres? El primer paso fue acercarse a ella allí en las calles donde está su foco de trabajo, donde están con sus compañeras .El foco muchas veces es su principal punto de referencia más que su propia familia. Este visitar que comenzó en 1995 lo continuamos haciendo todos los miércoles y jueves en la noche. Fue y sigue siendo la puerta de entrada al proyecto: acercarse a ellas con respeto, con cariño, sin condenarlas, sin querer hacerlas objeto de investigación. Es simplemente acercarse, saludarlas, platicar con ellas si quieren y de lo que ellas quieren. Mostrarles con nuestra actitud y con nuestros hechos que las queremos como son y donde están, y que no nos avergonzamos de que nos vean con ellas. Es estar allí como Jesús que se dejó tocar y lavar los pies por la Mujer que el fariseo llamaba pecadora, y a la que Jesús llamó simplemente Mujer, y le dijo al Fariseo: “Esta Mujer ama más que tú”.

No se imaginan la sinceridad con que ellas nos hablan, la alegría al encontrarnos cada noche, como una luz, en la noche de su vida. A partir de esas visitas, se ha ido desarrollando el Proyecto. No solo las visitamos en los Focos, sino también dos veces a la semana vamos a su barrio a sus casas. Así las conocemos, nos conocen mejor, hay mayor cercanía y entendemos mejor su situación al conocer a su familia, su problemática y su entorno. Actualmente tenemos una casa, su casa, donde encuentran atención personalizada y atención especial de una psicóloga y de una Trabajadora Social. Los viernes tienen un taller de manualidades. Al ver lo que son capaces de hacer, esto ayuda a su autoestima. Además se relacionan entre ellas fuera del ambiente de los focos. Después tienen un taller sobre problemática de su interés: Autoestima, sus Derechos, Violencia intrafamiliar, alcohol y drogas, Ets, VIH-Sida, salud, educación de sus hijos etc. La formación cristiana se va dando al suave dentro de esos temas. Además en las visitas a los focos les suelo dar unas breves cartas coloquiales por ejemplo Jesús y la Mujer, Jesús y los Niños, Ser mamá es un don y una gran responsabilidad, Dios Liberador, la Droga, el alcohol, la violencia en la noche, su relación con la policía, la corrupción del gobierno, las elecciones, los usureros, la basura etc.. o sea no hay tema prefijado, sino de lo que va pasando en esas semanas.

Una carta les preguntaba: Qué quieren decirle a los jefes de la policía? 90 contestaron en este tono: que no nos traten como basura, ni como animales, que no abusen de su cargo, que se acuerden que ante todo somos Mujeres como su esposa o sus hijas. A ellas se les ofrece con una beca la oportunidad de estudiar una carrera técnica para que si se dan otras condiciones, un día puedan ir dejando la prostitución Para el cuido de salud, durante 8 años les dimos un bono para el examen ginecológico, el Papanicolau, análisis de ETS y del Sida. Se les acompaña en los líos legales y se les asesora sobre cómo manejarse al respecto. Trabajando en un Consorcio con 6 organismos nicaragüenses y 3 italianos hicimos una Campaña en contra de la indiferencia ante la explotación sexual comercial infantil. La campaña se hizo en la Tv, en la radio, con mantas en las calles, con un teatro popular. Llegamos a 29 Municipios reflexionando en los factores protectores y los factores de riesgo de la explotación sexual infantil.

Otro aspecto muy importante es el trabajo con sus Niños con becas para su estudio de Primaria o Secundaria. Además semanalmente tenemos un grupo de Adolescentes, hijas o hermanas de ellas. Ese grupo es ante todo preventivo. Hay también un grupo de Niños y Niñas promotores, que se preparan en torno a los factores de riesgo y factores protectores de la explotación sexual, y luego reproducen esos talleres en la Escuela Pública donde estudian 6º grado. Con ellas y sus Niños y Niñas tenemos fiesta, un espacio recreativo el día de la Madre y del Niño y en Navidad. Lo más doloroso en el Proyecto lo encontramos en los dos extremos de edades: Adolescentes que a su edad, están en la explotación sexual, con frecuencia quedan embarazadas y además son inhalantes. Al acercarse a ellas, sientes su desamparo total, su ansia de cariño, y el dolor de su vida. También es muy doloroso y casi inexplicable cuando la familia envía a la hija a la calle para que mantenga a toda su familia. En el otro extremo, están las abuelas de más de 50 años, ya todas ajadas por la vida, y que cada noche salen a una calle en un barrio muy pobre para sobrevivir o para mantener a los nietos que han dejado a su cargo. Lo más positivo es su voluntad de salir adelante, el amor a sus hijos, su sinceridad, su apoyo mutuo, el irse rehaciendo con el proceso psicológico, cuidar su salud, y en algunos casos el lograr salir de la prostitución.

UNAS REFLEXIONES FINALES
1. En las CEBs los Ministerios o Servicios no se reducen a los servicios litúrgicos y a la visita a los enfermos, sino que también quieren vivir los Ministerios, en el espíritu de los primeros 7 Diáconos que nos muestran los Hechos de los Apóstoles.
 2. La pregunta fundamental a la que responden estos Proyectos es Cómo ser la Buena Noticia de Jesús para los sectores más pobres y excluidos de nuestra sociedad?
 3. Para poder vivir esto a fondo, algo esencial es vivir a fondo y apasionadamente la espiritualidad del seguimiento de Jesús.
4. En nuestros proyectos no somos “bienhechores”, ni las personas son objetos pasivos de nuestra atención, sino sujetos de su propio proceso.
5. En esta misma línea somos acompañantes del proceso en que ellas y ellos van reconstruyendo su vida, y al mismo tiempo somos acogidos y enseñados por ellos.
6. Nuestros Proyectos quieren ser una Denuncia Profética de la situación de injusticia y exclusión que provoca estas situaciones de prostitución, callejerismo, niños trabajadores de y en la calle etc.
7. Con Aparecida nuestros Proyectos son por una Vida Digna.

Conclusión. Después de este breve recorrido podemos preguntarnos Qué es lo que ha asegurado y asegura la identidad CEB de nuestros Proyectos? Los proyectos CEB brotaron de escuchar el clamor de nuestro Pueblo y de una pregunta clave que nos hicimos: Cómo ser la Buena Noticia de Jesús para nuestras hermanas y hermanos más golpeados por esta situación tan injusta y brutal que ha caído encima? Cómo vivir en verdad un Evangelio Liberador, señal de Esperanza en este mundo atormentado y atormentador en que vive la mayoría de nuestro Pueblo? Responder positivamente a estas preguntas es un don, una gracia de Dios a la que pedimos y anhelamos ser fieles.

Arnaldo Zenteno S.J. CEBs Nicaragua.

Publicado en la REVISTA CHRISTUS (México) Noviembre-Diciembre del 2010.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Memória: Forum de Participação na 5ª Conferência - 3 Anos da Tenda dos Mártires

3 Anos da Tenda dos Mártires
3 Anos da V Conferencia Geral do Episcopado Latino Americano e do Caribe











Para celebrar os três anos da Tenda dos Mártires e da V Conferencia Geral do Episcopado Latino Americano e Caribenho que aconteceu em Aparecida – SP, no ano de 2007, a Pastoral Operária e as CEBs levantaram no mesmo local uma Nova Tenda para fazer memória de tudo que aconteceu nesses últimos anos e também celebrar o martírio dos muitos irmãos e irmãs que derramaram seu sangue para que a Vida seja realmente plena neste Continente da Esperança.
Foram três dias de celebração, um tríduo dos dias 19 a 21 de maio, semana de Oração pela unidade dos cristãos e cristãs. Foi como da outra vez, uma tenda aberta dia e noite, aberta para acolher a Igreja dos Pobres, aberta para acolher os pobres que não tem espaço nos grandes centros, aberta para celebrar o Verbo que veio morar conosco.
Ao nascer do sol fizemos memória do Sol Nascente que veio nos visitar, salmodiamos o Ofício Divino das Comunidades e ao Ressuscitado entregamos o novo dia. No correr das horas realizamos visitas às famílias e aos doentes da comunidade. À tarde, nas contas do terço, celebramos a Mãe e Companheira Maria, Senhora Aparecida, Senhora de Guadalupe. Ao ocaso do dia, como os discípulos de Emaús, em torno da Mesa partimos o Pão. Tivemos a grande alegria de receber os padres Miguel e Luiz, Beozzo, João e Frei Alamiro que presidiram a Eucaristia nos 3 dias.
Foram dias de esperança, dias para refazer as forças para continuar nas bases o trabalho. Encaminhamos uma carta pedindo pelo Fim da Taxa de Assinatura do Telefone e também uma outra pedindo ao Presidente Lula que sancione a Lei Ficha Limpa.
Fazendo Memória dos 30 anos do Martírio de D. Oscar Romero, do irmão dos pobres D. Helder Câmara e dos muitos homens e mulheres que “Alvejaram suas vestes no Sangue do Cordeiro” celebramos esses dias. Continuamos no Seguimento do Caminho, pois assim disse o Ressuscitado: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”.

Éder Massakasu Aono

Mensagem da 20ª Assembléia Arquidiocesana de CEBs de Fortaleza

“Retome o caminho de antes!” (Ap. 2,5)

Terminou ontem (domingo, 28/11/10), ao meio-dia, a assembléia anual das Comunidades Eclesiais de Base da Arquidiocese de Fortaleza que reuniu no Centro de Pastoral Maria, Mãe da Igreja, desde a noite de sexta, aproximadamente cem representantes de comunidades da periferia da capital, bem como de paróquias da região serrana. Sob o lema “Toda essa gente organizada...”, os participantes celebraram vivamente sua fé no Deus Libertador dos Pobres, como realizaram estudos e planejamentos importantes para a caminhada no ano que vem. A Assembléia foi viabilizada, inteiramente, através do esforço conjunto dos próprios agentes comunitários e de doações generosas de algumas apoiadoras – que Deus as abençoe!

O encontro foi iluminado, desde a noite de abertura, por leituras incisivas tiradas do livro do Apocalipse, coisas que “o Espírito diz às igrejas” de hoje (Ap. 2-3). Dentre as frases mais refletidas e repetidas pelas /os“cebianas/os” estava essa: “Você abandonou o seu primeiro amor... [...] Converta-se e retome o caminho de antes!” A causa da “refundação” das CEBs logo começou a tomar conta da assembléia.

Foi prestado um lindo tributo ao grande compositor litúrgico das CEBs e Pastorais Sociais, o mineiro Zé Martins, falecido há um ano: Vários dos seus mais célebres hinos foram entoados, com muita emoção, na sexta-feira à noite. O bingo de um violão, em benefício da sustentação do próprio evento, encerrou o momento de abertura.

Sábado foi dia de estudo e trabalho em grupos.

De manhã, todas/os se inteiraram do conteúdo do Documento Nº 92 da CNBB, intitulado “Mensagem ao Povo de Deus sobre as Comunidades Eclesiais de Base”. O clima de “refundação das CEBs” que já permeava a assembléia se intensificou ainda mais com a grande valorização das comunidades de base por parte de nossos bispos.

Eis alguns trechos: “Reunindo pessoas humildes, as CEBs ajudam a Igreja a estar mais comprometida com a vida e o sofrimento dos pobres, como fez Jesus” (p.16);

“São as relações de reciprocidade que, promovendo a solidariedade que é a força dos pobres e pequenos, permitem que se diga que ‘Gente simples, fazendo coisas pequenas, em lugares pouco importantes, consegue mudanças extraordinárias” (p.8).

À tarde, o assessor Pe. Vileci, da diocese do Crato, expôs todo o plano de preparação do 13º Encontro Intereclesial de CEBs que acontecerá em 2013, em Juazeiro do Norte, e deverá receber milhares de delegadas/os de CEBs do Brasil inteiro. Vai “chover cebianas/os” em nosso Ceará! Vileci esclareceu a necessidade de um envolvimento de todas as dioceses do Regional neste processo de preparação. Prontamente foi formada, na Assembléia, uma comissão arquidiocesana de divulgação e arrecadação financeira do “XIII”.

A resolução mais importante da manhã de domingo foi o prolongamento da Campanha das CEBs pela redução da Taxa de Esgoto, com sua coleta de assinaturas em todo o município de Fortaleza: ocorrerá até o dia 19 de março de 2011. No dia 10 de dezembro próximo as CEBs estarão na Praça do Ferreira, com um stand para colher assinaturas dos transeuntes. Uma manifestação pública que acompanhará a entrega das assinaturas à CAGECE está prevista para o dia 22 de março, Dia Mundial das Águas.

Uma celebração eucarística rica em depoimentos emocionantes dos participantes e em ações de graça ao Deus da Libertação – especialmente pelos quatro “anciãos” da caminhada que a concelebraram, a saber, Pe. Martinho, Pe. Marco Passerini, Pe. Eduardo e Pe. Lino – foi o ápice deste final de semana maravilhoso. O encontro se encerrou com um almoço comunitário, um verdadeiro “banquete do reino de Deus”!

Agora, é arregaçar as mangas e trabalhar nas comunidades para que tudo aconteça como foi planejado... Afinal, como diz o Credo das CEBs, “entrar na luta é pra já, aleluia é pra depois!”

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Carlo Tursi, membro da Coordenação arquidiocesana de CEB

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Iniciando preparação para o 6º Nordestão das CEBs - 2012

A Coordenação Diocesana das Comunidades Eclesiais de Base - CEBs realizou no dia 28 de novembro de 2010, no salão paroquial da igreja Santa Rita de Cássia, Itabuna – Bahia, o encontro de estudo em preparação para o 6º Nordestão das CEBs a ser realizado na Diocese de Itabuna, em julho de 2012.
 
 
O encontro foi assessorado pelo missionário leigo, Haroldo Heleno, membro do Conselho Indigenista Missionário e atual coordenador de pastoral da Paróquia Santa Rita de Cássia, e teve a participação de  mais ou menos 20 representantes das Paróquias: Santa Rita, Goretti, Piedade, Bomfim, Aparecida e São Sebastião de Camacan, contou ainda com a participação de representantes da Comissão Pastoral da Terra, Associação para  o Resgate  Social Camacaense, do padre José Roberto, coordenador diocesano de Pastoral e do Frei Genilton, vice-coordenador regional das CEBs e assessor espiritual da mesma.
 
 
Haroldo Heleno norteou a reflexão através dos documentos da Igreja, em especial o documento 25 da CNBB: “Comunidades Eclesiais de Base na Igreja do Brasil”, utilizou também citações do Documento de Aparecida. Motivou a todos e a todas com o texto: “Mensagem ao povo de Deus sobre as Comunidades Eclesiais de Base”, publicado no dia 12 de maio deste ano quando da realização da 48º Assembléia Geral da CNBB.
 
 
Após um breve histórico da caminhada das CEBs no Brasil, seus aspectos estruturais, seu rosto, e a sua identidade. Heleno abordou trechos da Mensagem dos Bispos ao povo de Deus, destacando alguns pontos, entre eles: “As comunidades Eclesiais de Base, constituem em nosso país uma realidade que expressa um dos traços mais dinâmicos da vida da Igreja”. E para reforçar ainda mais esta afirmação sobre a importância das CEBs, ele destacou a fala dos Bispos no documento 25: “Queremos reafirmar que elas continuam sendo um sinal de vitalidade da Igreja”. Aspectos importantes da vivência das CEBs também foi destaque na reflexão: “Os discípulos e as discípulas de Cristo nelas se reúnem para uma atenta escuta da Palavra de Deus, para a busca de relações mais fraternas, para celebrar os mistérios cristãos em sua vida e para assumir  o compromisso de transformação da sociedade...”
 
 
Em seguida abordou os desafios postos às CEBs nos dias de hoje, em especial o processo de globalização, que atendendo a vontade do mercado exclui as pessoas, agride e depreda o meio ambiente, fere a dignidade humana, à medida que ela avança, destrói as relações de cooperação e solidariedade e introduz relações de competição nas quais o mais forte  é quem sempre leva vantagem. Portanto é preciso valorizar, resgatar, implantar as experiências de sociabilidade, relações fundadas na gratuidade, na partilha, na solidariedade, na justiça, características comuns às CEBs.
 
 
Outros pontos importantes da Mensagem ao povo de Deus foram sendo pontuados e trabalhados pelo assessor: A espiritualidade e a vivência eucarística das CEBs, tendo a Eucaristia no centro da vida de nossas comunidades de base. É o sacramento que expressa comunhão e participação de todos e todas, como numa grande família, ao redor da Mesa do Pai. A acolhida da Palavra de Deus e a vivência comunitária da fé são indissociáveis nas CEB’s. A Bíblia faz parte do dia-a-dia da comunidade, estando presente nos grupos e pastorais, nas liturgias e na formação, na reza e nas ações que visam superar as desigualdades e injustiças da sociedade brasileira; Alimentadas pela Palavra de Deus e pela vivência de comunhão, as CEBs promovem solidariedade e serviço. Reunindo pessoas humildes, as CEBs ajudam a Igreja a estar mais comprometida com a vida e o sofrimento dos pobres, como fez Jesus. Elas manifestam, mais claramente, que “o serviço dos pobres é medida privilegiada, embora não exclusiva, do seguimento de Cristo”. E assim Haroldo Heleno foi trabalhando a reflexão sobre as CEBs, sempre usando exemplos vivenciados em nossa Diocese.
 
 
Em seguida a explanação do assessor a plenária fez diversas intervenções sobre a mensagem dos Bispos, bem como sobre a preparação para a realização do 6º Nordestão:
Tais como, a necessidade de repasse desta reflexão para um número bem maior de pessoas na Diocese, no sentido de envolver ainda mais as comunidades nesta preparação/caminhada;
Aproveitar todos os espaços, encontros, eventos, para divulgar e motivar a todos a se envolverem nesta bonita e cativante jornada; 
Tentar diagnosticar comunidades que tenham seu “modo operantis” de CEBs, mas não se identificam como tal, para fazer com que se envolva mais e se fortaleçam com esta experiência;
Tentar escolher um representante por Paróquia (nem que seja só no Vicariato centro) para começar a  participar desta preparação;
Iniciar desde já um fraternal diálogo com os Padres no sentido de sensibilizá-los para esta causa;
Lembrar a todos que a realização deste evento em nossa Diocese será parte integrante da nossa caminhada jubilar na celebração do nosso Ano Missionário.
Tentar estabelecer desde cedo as comissões responsáveis pelas diversas funções que envolvem um evento deste porte;
Foi lembrado a aceitação de Dom Ceslau a proposta da realização do evento e o apoio das pastorais sociais, bem como o apoio expressado pelo Bispo Diocesano de Ilhéus Dom Mauro e por Dom Ricardo Brusati de Caitité e referencial no Regional Nordeste III das CEBs para a realização do 6º Nordestão.
O encontro foi encerrado com a exibição do filme: “Dom Helder Câmara, o Santo Rebelde”
 

Prelazia de Coari

Resenha histórica



Elementos fundantes da evangelização

Nesta obra concluída mês passado, descrevemos alguns dados sobre a Prelazia de Coari que são importantes para o entendimento da mesma; a área geográfica e fundação da Prelazia; as cidades; as Paróquias; os Bispos, padres, seminaristas; a base econômica; a característica do povo; os fatores negativos e os avanços pastorais; as Congregações que atuam na mesma.

Um pouco da introdução da obra....
Em seguida falaremos de alguns elementos relevantes sobre a evangelização. As quatro fases que corresponde ao período inicial da colonização e da evangelização posterior, do qual temos informações gerais. A fase marcada pelas devoções domésticas e pelos padroeiros particulares. A fase do período da chegada dos missionários jesuítas em 1687, com a presença relevante de Samuel Fritz, jesuíta Alemão e dos missionários Carmelitas, portugueses, até a vinda dos missionários redentoristas, em 1943, e das irmãs adoradoras do Sangue de Cristo, logo depois que foi marcada pelas desobrigas pastorais. A fase da chegada dos missionários redentoristas, em 1943, e das irmãs adoradoras do Sangue de Cristo até o Advento do Concílio Ecumênico Vaticano II, foi marcada pelas desobrigas pastorais articuladas com uma fantástica ação social evangelizadora, promovida, sobretudo, pelas irmãs adoradoras do Preciosíssimo Sangue de Cristo. E a fase correspondente ao advento do Concílio Ecumênico Vaticano II e das conclusões de Medellín, esta fase conta ainda com a presença dos missionários redentoristas e das irmãs adoradoras do Preciosíssimo Sangue de Cristo

Falaremos também da Criação da Diocese do Amazonas, passo importante para a dinamização posterior da fé na área da Prelazia e para a chegada dos primeiros missionários redentoristas norte-americanos e das irmãs adoradoras do Sangue de Cristo. O trabalho oferecido aos primeiros missionários redentoristas; a preocupação de novas fundações e a necessidade de se investir na formação de missionários autóctones. A colaboração assídua das Irmãs Adoradoras; o processo da vinda das mesmas para o Amazonas; as atividades das irmãs diante de tantas necessidades. A contribuição social das mesmas, com internatos, ambulatórios, hospital para o atendimento dos doentes e as aulas de canto e trabalhos manuais; a necessidade de novas fundações para dar continuidade ao trabalho nas escolas primárias paroquiais, no magistério das escolas públicas, em clínicas, ambulatórios e outras formas de pastoral.
Destacamos a fundação da Arquidiocese de Manaus e a criação de novas Prelazias, resultado das necessidades pastorais urgentes da Amazônia e dos encontros dos Bispos amazônicos, resultado disso será a promulgação da primeira Carta pastoral da Igreja da Amazônia chamada de Documento de Santarém, intitulada: Linhas Prioritárias da Pastoral da Amazônia e suas prioridades e séries de serviços pastorais, diretrizes básicas: Encarnação na realidade e Evangelização libertadora, e frentes específicas para a atuação das diretrizes básicas que são a formação de Agentes pastorais, comunidades eclesiais de base (CEBs), pastoral Indígena, e estradas e outras Frentes Pioneiras.
Destacamos também outro acontecimento marcante para a Prelazia de Coari, inspirado na reforma litúrgica e no documento de Santarém de 1972 citado acima, foi a sua primeira Assembléia Pastoral realizada em Coari de 13 a 15 de dezembro de 1975, com tema: Somos muitos, mas formamos um só corpo, que teve como preocupação rever as atividades pastorais até então vigentes, principalmente em relação à pastoral de conjunto e à prática da iniciação à fé em geral; a diversificação dos ministérios; e o dinamismo da vida litúrgica e sacramental. A renovação litúrgica da Prelazia, seu processo e seu dinamismo, descobrindo a dimensão eclesial, a adoção do processo da renovação litúrgica baseada no Concílio Vaticano II e nas Conclusões de Medellin e sua implantação em vista da participação ativa. Boa leitura!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

CEBs - Diocese de Barra do Piraí -, Volta Redonda-RJ

Após dois anos de discussão e elaboração, dia 27 de novembro, foram apresentadas as novas diretrizes pastorais da diocese de Barra do Piraí, Volta Redonda (RJ). Ao término da missa, presidida pelo bispo diocesano dom João Maria Messi, os delegados, que acompanharam a preparação do documento, receberam do padre coordenador da região pastoral correspondente, um exemplar da publicação intitulada: “Evangelizar, razão de ser discípulo missionário de Jesus”.

domjoaomessiO livro contém 271 páginas e tópicos temáticos como o histórico da caminhada, a missão da Igreja diocesana, o Caminho de Formação dos Discípulos e Missionários, dentre outros.

“Precisamos começar a etapa da recepção das diretrizes em nossas CEBs para colocarmos em prática o que ainda não conseguimos efetivar e continuar o trabalho, buscando aprimoramento”, disse o coordenador diocesano de pastoral, padre Silvio Juliano, fazendo a apresentação da conclusão dos trabalhos e agradecendo o empenho de todos os envolvidos.

Ao final, dom João agradeceu o empenho dos participantes e destacou a importância das decisões tomadas. “As novas diretrizes pastorais nos darão, de agora em diante, uma maior segurança e expectativa de servir de uma maneira mais conjunta, desta forma, todos teremos condições de valorizar o trabalho do outro na Igreja Diocesana”.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Igreja, eleições 2010 e o Nordeste: em busca de testemunhas de sentido



Igreja, eleições 2010 e o Nordeste: em busca de testemunhas de sentido  
Motivado pelas análises sobre o papel desempenhado pela religião nas últimas eleições presidenciais e pelas diversas manifestações pejorativas contra o voto dos nordestinos, Sérgio Ricardo Coutinho, escreveu o artigo abaixo.
Sérgio Ricardo Coutinho é mestre em História pela UnB; professor de História da Igreja no Instituto São Boaventura em Brasília; professor de História da Igreja Antiga no Curso de especialização em História do Cristianismo Antigo na UnB; membro da Associação Brasileira de História das Religiões (ABHR) e presidente do Centro de Estudos em História da Igreja na América Latina (Cehila-Brasil).
Eis o artigo.
O artigo está motivado ainda pelas análises sobre o papel desempenhado pela religião nas últimas eleições presidenciais e pelas diversas manifestações pejorativas contra o voto dos nordestinos.
Meu ponto de partida são duas reflexões sociológicas sobre a religião católica. Em recente entrevista ao IHU on-line, o sociólogo da religião
Antônio Flávio Pierucci, respondendo a pergunta se os votos vindos de Minas Gerais e do Nordeste não seriam votos “conservadores”, afirmava que:
Esse mapa mostra que o fator religioso não é determinante, porque o Nordeste é muito religioso, muito católico. O Censo de 2000 apontou que os estados mais católicos do Brasil são nordestinos. Este mapa mostra que o fator econômico é ainda o grande fator que influencia na decisão do voto, as pessoas dos estados mais ricos não aprovam tão entusiasticamente as políticas do Lula e as pessoas dos estados mais pobres ainda confiam em Lula para tirá-los de uma situação secular de atraso e subdesenvolvimento. Isso para mim é a demonstração de que o que conta em uma eleição para o eleitor são interesses materiais, de bem estar material. Não são idéias, não são valores, não são dogmas religiosos; o que conta é o progresso material, melhoria das condições de vida e assim por diante. (grifos nossos).
Em sentido inverso ao de Pierucci, o sociólogo Edmilson Lopes Júnior, da UFRN, também em artigo recente, afirma o seguinte:
Gostem ou não os “bem pensantes”, reprodutores de lugares-comuns a respeito do comportamento eleitoral dos brasileiros, os eleitores têm, ao contrário do que acreditam muitos, produzido escolhas racionais e reflexivas nas últimas eleições. Nessas escolhas, a contribuição da Igreja católica, especialmente no vasto território do semi-árido nordestino, não tem sido devidamente avaliada. O seu distanciamento do proselitismo político cria a falsa impressão de que o trabalho desenvolvido pela Igreja Católica no interior do Nordeste não tenha tido um peso significativo no apoio ao Governo Lula e na grande votação obtida por Dilma Roussef nos municípios sertanejos.
Estamos diante então de um debate teórico sobre a relação entre religião e “escolhas racionais” ou, parafrasiando Max Weber, estamos diante de uma “ética católica e o espírito das eleições”.Edmilson Lopes Júnior defende a idéia de levarmos sim em conta o papel desempenhado pela Igreja católica no voto dos nordestinos.
Segundo ele, bispos, padres e freiras buscaram afirmar seu compromisso cristão através do “exemplo” e não pela retórica, pelos belos discursos. As idéias e valores expressos nas práticas desses religiosos foram incorporados reflexivamente pela vasta população católica do interior do Nordeste. A própria relação com o sagrado, estimulados pela prática do “ver-julgar-agir”, tem sido objeto de uma reflexão socializada com os fiéis. Assim, mesmo que não intencionalmente, a Igreja católica, no interior do Nordeste, tem contribuído “para a emergência de um eleitorado mais reflexivo, mais atento aos interesses em jogo e muito ciente de quais as apostas que valem à pena”.
De fato, a presença da Igreja católica no semi-árido Nordestino é de longa data, mas foi também lá que a Igreja, antes mesmo das inovações trazidas pelo Concílio Vaticano II e pela Conferência de Medellín (1968), deu sua guinada rumo ao social e contribuiu para a substituição de uma integração social sustentada pela “fé” por uma integração social baseada na noção de “cooperação”, ou seja, por meio do que Jürgen Habermas chamou de “verbalização do sagrado”. Esta é a nossa hipótese.
O Movimento de Natal e sua prática “moderna”
O fim da Segunda Guerra Mundial e do Estado Novo no Brasil, em 1945, coincide com o início da clara preocupação de setores do episcopado brasileiro com o crescente empobrecimento do povo. A preocupação dos bispos ganha muita relevância quando passam a denunciar as causas sócio-econômicas do fenômeno da fome e da seca no Nordeste.
É por isso que todos os bispos que denunciavam as “estruturas injustas”, naqueles anos 1950, passaram, indiscriminadamente, a ser denominados de “nordestinos” e essa expressão tanto podia ter uma conotação pejorativa quanto ser um elogio, dependendo de quem empregasse.
Nesta época destaca-se Dom Fernando Gomes dos Santos, paraibano, bispo de Penedo (AL); Dom José Delgado, pernambucano, bispo de Caicó (RN); Dom Portocarrero Costa, pernambucano, bispo de Mossoró (RN); Dom Avelar Brandão Villela, alagoano, bispo de Petrolina (PE); Dom Helder Camara, cearense, bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ); Dom Eugenio Araújo Salles, potiguar, bispo auxiliar de Natal (RN) entre outros.
De acordo com a tipologia do catolicismo brasileiro traçada por Cândido Procópio de Camargo, as mudanças que ocorrem nesses anos estão na origem do “catolicismo internalizado", na sua dupla vertente de catolicismo social e de adaptação à vida moderna. Neste processo, a experiência pastoral conhecida por “Movimento de Natal” terá peso fundamental.
Este Movimento atuava simultaneamente em dois níveis: o societário e o comunitário. No primeiro, o ponto de partida e os instrumentos de sua atuação foram as amplas transformações sociais, econômicas, jurídicas e ideológicas que se processaram na região. No segundo, procurou atingir as bases comunitárias, descobrindo e desenvolvendo a liderança local e incentivando formas de convívio social e de organização da comunidade. Característica de sua estratégia, entretanto, foi a conjunção intencional dos dois níveis, que veio reforçar a eficácia da ação realizada (n.1).
Em 1958, o Movimento se projeta nacionalmente, atuando em duas frentes de grande envergadura e de enorme interesse social para o Nordeste: a primeira delas, a questão da seca. O ano de 1958 ficou conhecido como o ano da grande seca. Por essa ocasião, articula-se um movimento de denúncias veementes contra a chamada indústria da seca e seus mecanismos de sustentação. A segunda frente foi a área de educação. Também naquele mesmo ano de 1958, tem início a implantação das escolas radiofônicas de Natal, para a educação de base do homem do campo, inspiradas nas escolas radiofônicas de Sutatenza, na Colômbia, que D. Eugênio Salles visitara pessoalmente.
É importante também lembrar a renovação paroquial levada a cabo pelo Movimento de Natal, incluindo a mudança do papel desempenhado pelo clero no conjunto da organização social. Segundo estudos de Cândido Procópio Camargo, o Movimento parece ter propiciado a constituição de um clero menos dependente dos setores dominantes e do sistema patrimonialista e paternalista, mais cônscio das exigências do Evangelho nesse contexto (2).
Outro elemento neste processo foi a intervenção decisiva do Papa João XXIII. A conjuntura política do continente latino-americano, modificada com a vitória da Revolução Cubana e a implantação do novo regime no país, em janeiro de 1959, faz com que o Papa reitera seu apelo às Igrejas daqui, em carta dirigida à todos o episcopado (08/11/1961). João XXIII pedia ampla mobilização e elaboração imediata de um plano de ação que desse ênfase aos seguintes aspectos: evangelização e catequese, liturgia e vida sacramental, valorização apostólica dos religiosos e leigos, vocações sacerdotais e religiosas, ação social em favor da justiça e da caridade. Este apelo do “papa bom” irá mobilizar a Igreja do Brasil numa decisão histórica: a opção pela pastoral de conjunto e sua articulação por meio de um Planejamento Pastoral.
“Verbalização do sagrado”
Todos estes elementos contribuirão para a própria recepção do Concílio Vaticano II no Nordeste. Mas para entender a “emergência de um eleitorado mais reflexivo”, diferente do caminho adotado por Júnior e de sua aproximação com Max Weber, penso que a noção de “verbalização do sagrado” desenvolvida por Habermas, pode ajudar-nos.
Aqui, quero me distanciar da “jaula de ferro” weberiana de “escolhas racionais e reflexivas”, fortemente influenciadas pela Filosofia do Sujeito, e vou optar pela noção habermasiana de “agir comunicativo”, sustentada pela Filosofia da Linguagem.
A ação comunicativa é, acima de tudo, uma ação orientada para o acordo, para o entendimento mútuo que leva a um consenso. A ação orientada ao entendimento é representada exclusivamente pela ação comunicativa, a qual é também uma ação social guiada por normas intersubjetivamente válidas, não sujeita à racionalização técnica nem à estratégia de escolha dos meios de realização (ação em relação a fins). A ação comunicativa se mostra essencialmente dialógica, ou seja, só é possível ocorrer quando há sujeitos em interação.
Habermas pretende chamar a atenção para o papel fundamental da linguagem na interação humana. A linguagem se apresenta como o motor da integração social, tendo a comunicação como o veículo de construção de uma identidade comum entre os indivíduos. O principal pressuposto habermasiano aqui é que a ação racional liga-se de modo íntimo com a pragmática da argumentação ou discurso prático.
Em função disso, tanto o Movimento de Natal como o processo de recepção do Concílio Vaticano II, no semi-árido nordestino, foi a de introduzir uma “outra racionalidade” e uma “outra prática”: a razão comunicativa usada para a busca do consenso e do entendimento. Esta introdução produziu uma ruptura com um determinado tipo de “consenso” que Habermas designa como consenso normativo de tipo tradicional. A Igreja, e especialmente com a implementação do Vaticano II, favorecerá a introdução do Nordeste na “modernidade” por meio da verbalização do sagrado.
Em contextos modernos de ação, altamente racionalizados, o simbolismo religioso tradicional não é capaz, no entender de Habermas, de exprimir a identidade de indivíduos e de coletividades. Assim, o consenso normativo garantido pelo rito e mediado pelo símbolo religioso constitui, em última instância, o núcleo arcaico da identidade coletiva.
A transformação estrutural do eixo antigo da solidariedade social, ancorada nos símbolos religiosos e interpretada pela “semântica do sagrado”, se dará por meio da verbalização do sagrado. Ou seja, na medida em que se libera o potencial de racionalidade contido no agir comunicativo, o núcleo arcaico da normatividade se dissolve e dá lugar às imagens de mundo racionalizado (mundo objetivo), ao direito e à moral universalizados (mundo social), bem como a processos acelerados de individuação (mundo subjetivo).
Além disso, as funções de integração social e de expressão, em princípio preenchidas pela prática ritual, passam ao agir comunicativo de sorte que a autoridade do sagrado é gradualmente substituída pela autoridade do consenso. Isto implica uma emancipação do agir comunicativo em face de contextos normativos protegidos pelo sagrado. O desencantamento e a despotencialização do âmbito sacral se efetuam por meio de uma verbalização do consenso normativo fundamental assegurado pelo rito; com este processo destrava-se o potencial de racionalidade contido no agir comunicativo.
A verbalização do sagrado implica o domínio progressivo das estruturas da ação orientada à intercompreensão, significa que as funções elementares de reprodução simbólica do mundo da vida, originalmente garantidas pelo rito e fundamentadas no domínio sacral, passam doravante às estruturas de comunicação lingüística (3).
A opção pelas Comunidades Eclesiais de Base
Os agentes deste processo foram inicialmente e simultaneamente os bispos, o clero (principalmente o estrangeiro recém-chegado) e as muitas religiosas que ali se estabeleceram. Mas foi com a organização das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), em todas as dioceses do Nordeste, que este processo se acelerou.
Terminado o Concílio Vaticano II (dezembro de 1965), a Igreja no Brasil foi, sem dúvida nenhuma, uma das primeiras que, por meio de sua Conferência Episcopal, deu uma resposta ampla às perspectivas de mudanças desejadas por aquele grande evento eclesial. No começo do ano de 1966, o Plano de Pastoral de Conjunto (PPC) já se apresentava como uma proposta acabada para colocar a Igreja do Brasil no compasso das conclusões do Concílio.
A porta de entrada para a tematização das CEBs no PPC foi a dinamização das paróquias. Ao tratar da comunidade de Igreja, o PPC constata a dificuldade das paróquias se converterem em comunidades vivas, concluindo:
Faz-se urgente uma descentralização da paróquia, não necessariamente no sentido de criar novas paróquias jurídicas, mas de suscitar e dinamizar, dentro do território paroquial, comunidades de base (como as capelas rurais), onde os cristãos não sejam pessoas anônimas que apenas buscam um serviço ou cumprem uma obrigação, mas sintam-se acolhidos e responsáveis, e delas façam parte integrante, em comunhão de vida com Cristo e com todos os seus irmãos (4).
Nossas paróquias locais são ou deveriam ser compostas de várias comunidades locais ou comunidades de base, dada sua extensão, densidade demográfica e percentagem de batizados a elas pertencentes de direito. Será, pois, de grande importância empreender a renovação paroquial pela criação ou dinamização destas comunidades de base. Nelas devem ser desenvolvidas, na medida do possível, as seis linhas fundamentais de ação da Igreja (5).
Para Faustino Teixeira, os participantes das comunidades de base reorganizaram seu “aparelho de conversa” (Berger/Luckmann) sob novas bases. Como traço substancial da nova internalização, favorecida pelas CEBs, encontramos uma nova relação com o sagrado, que implica numa centralidade da conscientização, um novo compromisso ético e político e a ênfase na participação em lutas populares. O sentimento de pertença à comunidade traz consigo uma nova visão de mundo, uma nova simbologia e outras práticas coletivas. Aderir à “caminhada” é identificar-se com um novo modo de ser católico que pressupõe coerência e compromisso ético e social no projeto de afirmação da vida (6).
Deste modo, segundo a teoria do agir comunicativo de Habermas, o procedimento para se chegar ao consenso pressupõe que todos os participantes na discussão tenham competência para argumentar e as mesmas possibilidades para julgar. Ou seja, a ação comunicativa só é possível em um espaço onde todos sejam iguais. É claro que a referência aqui é aquela que Habermas chama de situação ideal de discurso, como o próprio termo indica, é um tipo-ideal. Por isso, nem mesmo nas assembléias mais democráticas isso é alcançado.
No entanto, temos fortes razões para pensar que nas CEBs essa tendência igualitária tenha facilitado aos indivíduos em interação desenvolver suas competências comunicativas.
O resultado dessas “novidades” é que a “visão de mundo” predominante no catolicismo praticado nas CEBs passa a ser a de uma prática religiosa em contato com o mundo moderno, e portadora da intenção de transformar o mundo tradicional, o status quo.
Por mais que a academia tenha abandonado o estudo sobre as CEBs, e por mais que as mesmas não tenham a mesma visibilidade de mídia que tinham nos anos 1980, elas ainda continuam sendo uma prioridade pastoral para a Igreja no Brasil e, especialmente, para o Nordeste. Isto ficou plenamente demonstrado na 48ª Assembléia Geral da CNBB quando se dedicou uma parte daquele encontro para discutir sua importância. O resultado foi a elaboração do documento nº 92 intitulado “Mensagem ao Povo de Deus sobre as Comunidades Eclesiais de Base” e que teve uma ampla votação favorável (aos moldes dos votos dados pelo Nordeste à candidatura Dilma Roussef). (Cf. Quadro 1).
De fato, e concordando com Edmilson Júnior, a “relação com o sagrado”, nas CEBs, “tem sido objeto de uma reflexão socializada com os fiéis”. A presença das CEBs, espalhadas pelo semi-árido nordestino, pode explicar em muito as vitórias de Lula e Dilma nos últimos anos.
O exercício da autoridade religiosa católica como “testemunha de sentido”: o exemplo da CNBB
Estas eleições puderam colocar, de modo inexorável, a contradição entre dois modos de exercício de autoridade religiosa, e cada uma delas implica de modo completamente diferente a relação entre a Igreja e a modernidade.
Para nos aproximarmos dessa contradição, é necessário colocarmo-nos, mesmo que de modo breve, diante de algumas características dessa modernidade. A modernidade de uma sociedade avalia-se, essencialmente, pela posição que atribui, em todos os registros da atividade humana, à autonomia do sujeito, isto é, a capacidade que cada indivíduo tem para determinar, em consciência, as orientações que entender dar à sua própria vida.
Mas, ao mesmo tempo e principalmente, implica que os indivíduos sujeitos tenham condições de definir, debatendo publicamente com outros sujeitos (entre “cidadãos”), as orientações e as normas válidas na sociedade em que vivem. Deste modo, numa sociedade como esta, diferenciada e pluralista, nenhuma instituição poderá pretender impor ao conjunto dos indivíduos e do corpo social um código de sentido global. Em tal sociedade, o sentido da ação, não é recebido mais de cima, mas construído coletivamente e de forma comunicativa. Tal é, em todo o caso, o ethos de nossa modernidade democrática.
No entanto, na realidade concreta, a aplicação desses princípios é sempre problemática e a incerteza estrutural das sociedades modernas (agravada por muitas crises e, principalmente, pela “crise de sentido”), inibe, por vezes, a capacidade das sociedades em produzir as significações indispensáveis à conduta da ação no mundo.
Apesar desta “crise de sentido”, vivida por muitos de forma muito intensa, não significa que os “códigos de sentido acessíveis” (e, em particular, os códigos religiosos de sentido) que prevaleciam em uma sociedade governada pela tradição voltem a encontrar pertinência social global.
O que percebemos é que os indivíduos, que procuram por meio do acerto e do erro, suas referências em uma sociedade complexa e incerta, não estão dispostos, em sua maioria, a se colocar sob o jugo tranqüilizante de um discurso de autoridade que fixa, através de uma bateria de normas e proibições, o que é bom ou mau para eles. O que eles exigem é sentido e não que lhe sejam prescritas normas!
Pelo contrário, na incerteza em que se encontram, sua atenção é atraída pelos indivíduos que dão um testemunho pessoal de valores que são importantes para eles e que, de forma concreta, mostram ser possível viver com os mesmos.
Ao vacilarem as referências oferecidas pelas instituições e com a desvalorização dos grandes sistemas ideológicos, a única autoridade que tem valor é aquela que é reconhecida em “sujeitos autênticos”, em “testemunhas (martyría) do sentido”, através dos quais a norma, em vez de se impor do exterior, é confirmada de maneira pessoal.
Deste modo, e concordando com Edmilson Júnior, as “autoridades religiosas” católicas (bispos, padres, diáconos e religiosas) no Nordeste têm afirmado seu compromisso cristão através do “exemplo”, e “em um universo social no qual a ‘fala bonita dos doutores’ sempre mereceu desconfiança, essa pregação encontrou terreno fértil”.
E, de certa forma, podemos dizer que a grande autoridade religiosa católica no Brasil, a CNBB, nos seus 60 anos de história, sempre procurou ser uma “testemunha de sentido”. Desde sua fundação, a CNBB recusou-se a aceitar o tipo de relação entre Igreja e Estado que pudesse permitir aos poderes constituídos indicar a maneira pela qual a Igreja devia agir.
Além disso, ela focou muita sua atuação nos direitos humanos, tanto os direitos fundamentais da pessoa humana, violados constantemente durante o regime militar, como os direitos políticos de qualquer pessoa. Ela optou por ser fiel a um princípio bíblico inarredável: a dignidade da pessoa humana, criada à imagem e semelhança de Deus.
Também mergulhou de cabeça, como o apóstolo Pedro (Jo 21, 7), no serviço aos pobres e necessitados. Esta prioridade assumiu progressivamente uma importância especial em sua história, à medida que os muitos modelos econômicos adotados pelos governos acabaram por revelar sua fisionomia concentradora de renda e opressora das populações de menor poder aquisitivo, que foram escolhidas como as principais pagadoras do ônus dos ajustes econômicos.
Para enfrentar estas situações, a CNBB criou e montou instituições capazes de contribuir capazes de contribuir para uma resposta a esses problemas: a Comissão Brasileira de Justiça e Paz, a Comissão Pastoral da Terra, o Conselho Indigenista Missionário e as diversas Pastorais Sociais que estão espalhadas pelas dioceses no país.
Por último, mas não a menos importante, a CNBB se articulou com as instituições da sociedade civil, especialmente com a Ordem dos Advogados do Brasil, a Associação Brasileira de Imprensa, as Organizações Empresariais, as Organizações de Trabalhadores e, enfim, com a sociedade civil organizada. Articuladas com estas instituições, a CNBB buscou, juntamente com elas, animar o conjunto da sociedade, fazendo com que esta participasse ativamente de todo o processo político de redemocratização e de consolidação de nossas instituições democráticas. Um exemplo disso, nestas eleições, foi sua participação na coleta de assinaturas para o Projeto de Lei de Iniciativa Popular conhecida por “Lei da Ficha Limpa”.
Talvez isto explique bem o que se quer dizer com “defesa da vida”, principalmente quando falamos da ação da Igreja católica no Nordeste brasileiro. (cf. outro interessante artigo de Edmilson Lopes Jr).
Quadro 1: Votação dos bispos do Nordeste sobre documento das CEBs na 48ª Assembléia Geral da CNBB (maio de 2010):
Notas
1 - CAMARGO, Cândido Procópio F. Igreja e desenvolvimento, São Paulo: Ed. Brasileira de Ciências Ltda., 1971, p. 117.
2 – Id. Ibid., p. 176.
3 - ARAÚJO, Luís Bernardo Leite. Religião e Modernidade em Habermas, São Paulo: Loyola, 1996, p.156-160.
4 – Cf. PPC, pp. 38-39. (os grifos são nossos)
5 – Cf. PPC, p. 58. (os grifos são nossos)
6 – TEIXEIRA, Faustino. “Histórias de Fé e Vida nas CEBs” in Concilium, Petrópolis: Vozes, n. 296, 2002/3, p. 41