2008
A afirmação é do teólogo, padre Joel Portela, durante o seminário que reúne 236 lideranças das dioceses de todo o país no Centro Pastoral Santa Fé, em São Paulo. Para ele, a experiência comunitária da fé “é o DNA de nossa identidade cristã”.Padre Joel participou de uma mesa-redonda na manhã desta sexta-feira, 29, discutindo o tema A comunidade humana busca a transcendência. Ele abordou a questão da crise dos modelos pastorais na compreensão de comunidade. Além dele estivera presentes também a doutora em ciências sociais, Brenda Carranza, e o teólogo padre Antônio José de Almeida.
Padre Joel apresentou algumas “queixas” que vêm dos diversos setores da Igreja como, por exemplo, a reclamação de que há muitas pesas que se dizem católicas, mas não freqüentam a paróquia e que as missas de cura e libertação mais cheias do que missas dominicais foram alguns dos exemplos apresentados pelo teólogo. Ele lembrou, por outro lado o surgimento de novas experiências de vida comunitária “em alguns casos, competindo diretamente com a vida das paróquias tradicionais”, que têm sua origem nos movimentos.
Segundo padre Joel, diante disso, é preciso reafirmar o caráter comunitário da fé “que permanece irrenunciável”. “As comunidades eram formadas a partir do fascínio, do encontro com Jesus Cristo presente na comunidade dos discípulos”, disse. Ao longo da história, com a adoção do cristianismo como religião oficial do estado na época de Constantino, “isso passou a ser pressuposto, dado como ocorrido uma vez inserida a pessoa na sociedade/cultura cristã”. Isso perdurou 16 séculos.
De acordo com o teólogo, o modelo de comunidade presente no inconsciente pastoral das lideranças da Igreja é de 16 séculos. “É este modelo que se encontra em crise”. Ele questionou, por exemplo, as estruturas paroquiais hoje existentes e falou das comunidades afetivas. “Por que é que morar num lugar implica necessariamente ter que pertencer à paróquia daquele lugar? Os laços, nós sabemos, podem ser e são estabelecidos, muitas vezes, com quem está geograficamente distante”, sublinhou.
Para ele, o convívio entre estes dois tipos nem sempre é tranqüilo. “As comunidades territoriais tendem a ser mais apegadas exatamente à força do território. As comunidades ambientais, afetivas ou de interesse tendem a não se articular adequadamente com a pastoral de conjunto, voltando-se mais para seus próprios interesses e carismas”. A solução apontada pelo teólogo está na organização da paróquia em rede. “Só uma estrutura paroquial em rede será capaz de acolher estes dois modelos de vida comunitária”, concluiu.
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