sábado, 29 de janeiro de 2011

Memória: Seminário sobre Comunidade reúne lideranças de todo o país

2008

Lideranças de todo o país, em sua maioria padres, chegaram ontem ao Centro de Pastoral Santa Fé, em São Paulo, para o Seminário “Igreja, Comunidade de comunidades. Experiências e avanços”, organizado pelo Instituto Nacional de Pastoral da CNBB (INP). “Teremos aqui a oportunidade de receber toda a energia que vem de Deus. Vamos ouvir os estudiosos, mas cada um também poderá contar sua história”, disse o subsecretário de pastoral da CNBB, padre Ademar Agostinho Sauthier, ao acolher os mais de 260 participantes do evento, que termina no sábado.
O teólogo, padre Cleto Caliman, membro do INP, ressaltou o caráter participativo que deve marcar o Seminário. “Este Seminário deverá ser vivido como experiência eclesial.
Entremos em espírito de partilha, de conhecimento e de interação para o conjunto do trabalho”.
O encontro tem como inspiração o Documento de Aparecida e as novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil aprovadas pela CNBB. “As Diretrizes dão continuidade ao projeto pastoral da Igreja no Brasil que vigora desde os anos 1970 e apresentam como novidade a assimilação do Documento de Aparecida”, esclareceu padre Cleto.
O cientista social e membro do INP, padre Luiz Roberto Benedetti, explicou a metodologia do Seminário que traz como novidade a exibição de filmes e documentários como atividades da noite. “Vamos usar também a linguagem do cinema. Os filmes e documentários não são apenas entretenimentos. Foram pensados a partir do nosso tema”, explicou padre Benedetti. “O mundo de hoje não quer muito discurso, muita verdade pronta, mas sensibilidade. A arte vê a realidade antes dela acontecer”.
Durante o seminário, haverá, pela manhã, mesas redondas com especialistas em vários assuntos e, à tarde, oficinas que darão a oportunidade dos participantes trocarem experiências. De acordo com padre Benedetti, o Seminário funcionará como um caleidoscópio “que nos fará perceber o que temos de diferente e de convergente”. “Além das mesas redondas, vamos ter as oficinas que serão uma construção coletiva de pistas de ação de nossa presença de uma Igreja que seja comunidade”, disse.
A mesa redonda de hoje debate o tema “A comunidade humana circunstanciada”. Dela participarão o cientista sócia, padre Luiz Roberto Benedetti; o psicólogo, padre Antônio Tatagia e a teóloga, Maria Clara Bingemer. O ato de abertura foi encerrado com um show de Nando Penteado e Jorge Cirilo.

Missa

Na manhã desta quinta-feira, 28, o secretário geral da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa, presidiu a missa e falou da importância do Seminário para a Igreja do Brasil. Chamou a atenção para o compromisso missionário da Igreja. Para o secretário, em relação à missão, não se trata de criar coisas novas, mas ressignificar o que já é feito “De que modo nossas comunidades podem se tornar mais missionárias”, indagou.

 Relação das oficinas e seus respectivos assessores.
  • Comunidade e comunidades virtuais: novas gerações - Drª Brenda Carranza
  • Comunidade e comunidades emocionais: cura, afetividade, interesses pessoais - Pe. Cleto Caliman
  • Comunidade e justiça/ solidariedade - Pe. Ernanne Pinheiro
  • Comunidade e  novas comunidades/ movimentos eclesiais - Pe. Luiz Roberto Benedetti
  • Comunidade e ministérios e serviços - Pe. Pedro Bassini
  • Comunidade e CEBs – Prof. Sérgio Coutinho
  • Comunidade e comunidades ambientais: ribeirinhos, quilombos, indígenas - D. Dimas Lara Barbosa e Pe. Ademar Agostinho Sauthier
  • Comunidade e Paróquias: territorialidade / missão  - Pe. Wilson Angotti
  • Comunidade e Favelas/ condomínios fechados - Pe. Joel Portella Amado
  • Comunidade e Igreja Local e inculturação - Pe. Agenor Brighenti


    Três especialistas participaram da primeira mesa-redonda que abriu, na manhã desta quinta-feira, 28, as atividades do Seminário Igreja, Comunidade de comunidades. Experiências e avanços, no Centro de Pastoral Santa Fé, em São Paulo. “A palavra comunidade tem uma pluralidade de significados”, disse o sociólogo, padre Roberto Luiz Benedetti.
    “Comunidade se define por amizade, parentesco, vizinhança, com relações múltiplas”, afirmou o sociólogo. Para ele a comunidade necessita de um código de valores para que os membros tenham senso de identidade. A teóloga Maria Clara Bingemer, por sua vez, apresentou os aspectos teológicos da comunidade.  “A fé é uma experiência unicamente humana”, disse Maria Clara. “Não se pode fazer a experiência da fé fora da comunidade”, afirmou.
    Já o psicólogo, padre Antônio Tatagiba, destacou as “exigências internas” de uma comunidade. A primeira diz que comunidade de fé deve pensar em comum a fé e a própria missão. Já a segunda está voltada para a experiência mística que deve marcar a comunidade. “Trata-se de ter experiências místicas em comum, junto aos grandes desafios de nosso tempo”, considerou padre Tatagiba.
    “Não se pode construir uma comunidade à margem do que são as variadas problemáticas pessoais dos membros que a compõem”, garantiu o psicólogo ao abordar outra exigência da comunidade. “Na formação das lideranças requer-se levar em conta também as realidades complexas pelas quais passam alguns membros da comunidade”.
    Padre Tatagiba destacou, ainda, que a vida de comunidade deve levar em consideração a vida real e as relações interpessoais. “Todo grupo tende a favorecer ilusões grupais em torno da comunidade” observou. “Estas fantasias têm relação com a aspiração radical do desejo, que é de eliminar toda distancia e diferença. Isso é uma ilusão muito perigosa porque o objeto do desejo é impossível. Muitas vezes esta fantasia é alimentada pelos nossos planos de evangelização”.
    Segundo padre Tatagiba, a questão do poder, “no seu sentido puramente sociológico”, também tem está presente na vida de comunidade. “O poder como expressão do domínio está absolutamente excluído numa comunidade cristã”.
    O Seminário Igreja, Comunidade de comunidades reúne 236 lideranças diretamente ligadas à coordenação pastoral das dioceses de todo o país. São 36 leigos, 4 diáconos, 14 religiosas, 180 padres e um bispo.  Organizado pelo Instituto Nacional de Pastoral (INP), organismo da CNBB, o encontro termina no próximo sábado, dia 30.

    Nenhum comentário:

    Postar um comentário